sábado, 3 de janeiro de 2009

Coisas bobas que marcam a vida da gente

Eu nunca gostei muuuito de Coldplay. Pra mim é uma daquelas bandas que a gente escuta uma música às vezes, acha legalzinha, mas não se interessa muito em saber o que faz ou o que toca. Mas, depois desse mês longe de tudo, uma música deles passou a fazer meu coração acelerar quando ouço.
Sabe quando você se apaixona por alguém e vocês têm uma música especial, que te faz lembrar da pessoa toda vez que toca e dá uma sensação boa, uma mistura de saudade, com ansiedade, com alegria, com uma pitadinha de melancolia se vocês não estão perto? Então, Viva la vida passou a ser essa música pra mim.
Resolvi escrever isso hoje porque é meu último dia de "férias" aqui. Vou voltar pra Capitarrr. Então é um bom momento pra me declarar. Como já falei, não há muito o que se fazer aqui no interior. A maioria dos meus amigos não moram aqui e os que moram foram viajar, ou então eu perdi o contato mesmo. Então, o que me restava fazer era ler (o que fiz muito), assistir filmes (podia ter feito mais) e... assistir novela. Passei a acompanhar A Favorita. E era entre as brigas, tramas, complôs e dilemas de Flora e Donatela que eu podia ver as cenas que mais me deixavam animada.
Explico: quando vim pra cá há pouco mais de um mês, porque meu pai teve um problema de saúde, estava um pouco desiludida com São Paulo. A cidade é muito feroz, exige muito de quem decide enfrentá-la e acaba fazendo muita gente perder a noção do que é respeito, do que é humanidade, do que é gentileza e de todas essas coisas que fazem a gente tratar as pessoas como iguais a nós e como gostariamos de ser tratados. Um acaba vendo o outro como uma coisa, que pode usar e descartar. O pior é que como a gente vê isso acontecer muito acaba às vezes entrando no jogo, mesmo sem perceber. E eu já estava quase convencida de que isso não era pra mim, de que eu não ia conseguir conviver com isso. Tá, é que o ano de 2008 não foi muito legal pra mim. E eu queria desistir.
Mas aí, assistindo a novela, que se passa em São Paulo, eu via aquelas cenas que são tipo um clipezinho pra fazer transição de lugares ou mostrar o tempo passando (anoitecendo e amanhecendo), que era sempre um panorama da cidade, cheia de prédios, antenas, carros no trânsito e alguns lugares conhecidos, como o centro. E a música que acompanhava era sempre Viva la vida, do Coldplay.
Toda vez que essas cenas apareciam eu lembrava da cidade que eu sempre disse que amava, e me dava um frio na barriga. Pode parecer exagero, mas é verdade. E eu lembrava dos meus amigos e imaginava o que eles estariam fazendo na hora, lembrava das vezes que eu saia sozinha e ficava observando as pessoas, dos carros e ônibus passando cheios de gente desconhecida olhando pela janela, cada um com uma vida diferente mas completamente igual, e de como eu gosto de sentir que estou no lugar onde as coisas estão acontecendo a todo momento, mesmo que eu não saiba o que e nem onde. Coisas boas e ruins que fazem São Paulo ser uma cidade tão apaixonante e tão detestável ao mesmo tempo. Agora eu sei que, mesmo tudo não sendo sempre um mar de rosas, o lado apaixonante é mais forte pra mim. E eu estou muito feliz por poder voltar.

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Porque é assim que tem que ser...

É, meu amor... O amor é mesmo uma questão de tempo. Ou melhor, uma questão de momento. De duas pessoas que querem a mesma coisa na mesma hora estarem ao mesmo tempo no mesmo lugar. E se encontrarem...

terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Sei lá...

Tá um calor infernal nessa cidade. Aquele calor parado, quando nem as folhas das árvores balançam. As pessoas sairam pra tomar sorvete. O sol bate do lado de fora do paredão do sobrado de esquina durante a tarde e deixa os quartos da frente quentes, até o início da noite. Na sala é fresco. Tem aqueles retratos antigos de pessoas da família que de noite parecem seguir a gente com o olhar. E tem também uma foto daquelas tiradas em shopping que imitam retrato antigo, com a gente usando roupa de época. Ali da parede, eu, com uns 7 anos, pareço seguir com os olhos as pessoas que descem a escada. Meio triste, não vejo sentido algum naquela situação forjada.

Final de ano é mesmo uma droga!

Todo mundo que a gente gosta vai pra praia e a gente não tem nem com quem conversar...

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

E também...

assisti a terceira temporada de Friends (nunca tinha visto nenhum episódio). Queria ser a Monica, mas acho que tô mais pra Phoebe.

É só isso que eu tenho feito mesmo, e daí?

Pó de Parede, Carol Bensimon

"O que havia de chocante nisso não era particularmente a traição em si, embora isso me torturasse também muito, sobretudo à noite, mas o fato de um escritor ser trocado por um médico. Ah, os médicos. Se soubessem como eu odeio os médicos e a utilidade de seu conhecimento, ao mesmo tempo em que desprezam essas coisas menores e sem sentido como um Modigliani ou Por Quem os Sinos Dobram ou Kind of Blue. Um cruzeiro e muitas praias portanto, que é, como todos sabem, o paraíso da estupidez no espaço entediante de areia e mar. E na montanha? Aqui na montanha vêm os egocêntricos olhar o mundo de cima.

Ironicamente, era um sujeito que tinha publicado três livros pela minha editora. E eles venderam mais que os meus, porque qualquer coisa que venha com regras de funcionamento para a felicidade vende como água hoje em dia. São livros de bolso que dizem o que fazer para que as pessoas vivam mais, mesmo que se quixem o tempo todo enquanto estão vivas."

Corpo Presente, João Paulo Cuenca

"Gostaria de escrever algo como 'as grandes cabeças da minha geração', mas essa é toda uma linhagem de chatos queixosos. Encaro seus olhos e só vejo o reflexo do vazio em cada um de nós, entre óculos de aro grosso, orelhas amassadas, sob cabelos pintados de loiro, em diários na rede, programas de auditório e sessões sofisticadas de cinema, é tudo a mesma grande coisa, só a repetição de padrões regurgitados e atitudes velhacas, como se nada mais houvesse ou fosse possível fora dessa nostalgia vazia.

Mas quando deito na cama, me escondo nas cobertas e choro, quem olha por mim? Quem olha por um homem que chora por excesso de opção? Quem desata o nó dentro de quem quer demais? Quem perdoa esse que confunde tudo, frustra planos, mata o que não chega a nascer? Quem alivia quem não merece? Ninguém vai rezar esse terço. Invejo a dignidade de quem chora por tristeza.

A pior coisa que pode acontecer com qualquer estética é ser adotada pela classe média. Mas não é isso que a gente acaba querendo mesmo?
O ápice é antes, logo antes dessa adoção em massa. É ali que eu quero estar. O povão tira o molho de qualquer coisa, meu caro. Note bem que é antes, não nunca.

Ah, acho que a gente só sente vergonha do que não entende. Se você apenas vive e experimenta a vida por aquilo que ela é, não sente vergonha. Não sente. O probleme é que, às vezes, sentir vergonha faz parte do tesão.

Você percebe que a única categoria de infidelidade realmente existente é a autocometida? No limite, eu só devo fidelidade a uma pessoa. Eu preciso ser sincero comigo mesmo - não posso continuar escondendo coisas de mim. Eu não quero continuar mudando de assunto e driblando pensamentos, ninguém precisa disso. Eu não posso continuar me sabotando. E não há quem me obrigue a não ser sincero. Não pode haver.

Toda vez que Alberto senta para escrever, não consegue desenvolver nenhuma idéia, acha tudo coisa passada, já escrita, sente-se como uma criança montando um quebra-cabeça montado e desmontado milhares de vezes. Açberto imagina todos os outros que já estiveram debruçados em sacadas, olhando para o céu, fumando, tomando decisões idiotas, sem perspectiva. Alberto é ingênuo o suficiente para pretender ser original e acreditar nisso. Escreve por orgulho. Além de talento, falta-lhe vergonha na cara - como tem pânico de morrer, acha que o que escreve pode sobreviver a si mesmo."