quinta-feira, 12 de junho de 2008

E a Nina responde...

Pra mim essa Laila não passa de uma vagabunda mal amada. Mas eu tenho pena, porque ela ainda não deve ter encontrado o amor de verdade. Essa história de Vanguarda dos Sentimentos é coisa de gente que tem medo de se envolver e de se comprometer. De entrar de cabeça em uma relação e assumir a responsabilidade disso. Afinal, nada é perfeito e quando você está com alguém, compra o pacote. Na minha opinião, amor é uma questão de respeito e admiração. Se você admira muito o outro não vai ter necessidade alguma de olhar pro lado, de procurar outras pessoas. E é isso que ajuda a criar e a manter a sensação de companheirismo, de querer estar junto, de querer melhorar e ajudar o outro a melhorar, a vontade de construir alguma coisa junto. Não é sentimento de posse, mas uma satisfação, uma saciedade, uma sensação de que tudo o que se precisa está ali e nada mais importa. Enquanto isso existir, a vontade de ficar junto vai ajudar a superar qualquer problema e o "ser feliz para sempre" vai acontecer, nem que esse pra sempre dure só até a semana que vem. Espero que a Laila consiga encontrar isso um dia, só assim essa busca louca vai terminar e ela vai saber o que é realmente amar, ser amada e ser feliz. Essa insatisfação eterna não leva a lugar nenhum e só causa desgaste e sofrimento pra ela mesma e para os outros.

Laila fala sobre amor na data mais romântica do ano

Eu acho ridículo esse negócio de te que ter alguém do lado pra se sentir completo. Que coisa mais possessiva! Pra mim esse amor romântico que espalham por aí não existe, é só uma invenção pra fazer os fracos e inseguros se sentirem melhor. Não suporto essa coisa de dependência, de ter que dar satisfação. Eu sou mais eu. Se quiser ficar comigo é assim, se não quiser, tem quem queira. Acho que essa é a maior fidelidade que se pode oferecer. A sinceridade, jogar limpo. Eu não engano ninguém, sou fiel a mim e aos meus desejos e vontades. Não quero e nem vou ficar me reprimindo. A vida é aqui e agora. A atração física e o desejo são sensações inerentes ao ser humano e eu sei que eu não sou a única pessoa interessante no mundo. Existem milhares por aí. Então, quem sou eu pra exigir que a pessoa que está comigo só tenha olhos para mim? Quer beijar? Vai lá e beija... não fica passando vontade. Só não me troque por ninguém. Odeio ser preterida e ficar em segundo plano. Exijo disponibilidade imediata na hora em que eu precisar. Preciso me sentir o centro das atenções, o centro da vida de alguém. Mas gosto de liberdade. Não quero ficar fazendo coisas só pra agradar, programinhas chatos no final de semana, tardes entediantes assistindo televisão. Não! Eu preciso respirar, me alimentar com idéias novas de pessoas diferentes. Preciso saber o que acontece na rua. Não quero ter a sensação de que todo mundo está se divertindo numa festa para a qual eu não fui convidada. Mas isso não quer dizer que eu não amo. Talvez eu ame muito mais do que quem se sente obrigado a ficar com alguém por alguma forma de compromisso. É um sentimento muito maior, muito mais puro, muito mais sincero, muito mais autêntico. Não preciso fingir nada, não vai haver desconfiança, joguinhos e incertezas. Assim não é muito melhor?

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Texto bonito

"As pessoas ainda não foram terminadas..."

Porque nosso DNA é incompleto, inventamos poesia, culinária...

 

Rubem Alves


terça-feira, 10 de junho de 2008

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Mais sobre gatos

O gato não oferece serviços. Ele se oferece. Claro que ele quer carinho e abrigo. O amor não é de graça. Como todas as criaturas puras, os gatos são pragmáticos. (...)


(...) Lobos e coiotes em estado selvagem são aceitáveis. O que deu tão errado com o cachorro doméstico? O homem moldou o cachorro doméstico à sua pior imagem... Virtuoso aos seus próprios olhos como uma multidão em um linchamento, servil e maldoso, cheio das piores perversões croprofágicas... e que outro animal tenta transar com a nossa perna? A pretensão canina à nossa afeição fede a sentimentalidade fraudulenta e fingida.


Não sou uma pessoa que odeia cães. Odeio aquilo em que o homem transformou o seu melhor amigo. O rosnado de uma pantera, sem dúvida é mais perigoso do que o rosnado de um cão, mas não é feio. A fúria de um gato é bela, incandescente com a pura chama felina, todo o seu pêlo eriçado lançando fagulhas azuladas, os olhos crepitantes. Mas o rosnado de um cão é feio, o rosnado de uma multidão de brancos racistas no linchamento de um paquistanês... o rosnado de alguém que usa um adesivo "Mate uma bicha por Jesus", um rosnado hipócrita e nervoso. Quando você vê esse rosnado, está olhando para algo que não tem rosto próprio. A fúria de um cão não é dele. É ditada por seu treinador. E a fúria de uma multidão em um linchamento é ditada pelo condicionamento.


Willian Burroughs - O gato por dentro