quinta-feira, 21 de maio de 2009

Raridade...

Insônia e milhares de coisas que são uma só passando pela minha cabeça...
Queria sair pra comprar um sorvete, um chocolate e um café. E sentir o friozinho da madrugada na pele. Ou então virar pro lado, abraçar e dormir.
Oi, tudo bem? Tudo bem e você? Tudo bem, mas tava morrendo de saudade. Eu também, como foi lá? Foi ótimo, mas senti sua falta. Mesmo? É, o tempo todo. Eu também. Pensei muito em você. Eu também, o tempo todo. Acho que a gente não consegue mais ficar separdo. Jura? É. E agora? Agora a gente faz o que tem que fazer. Você tem certeza? Você tem medo? Queria tanto ouvir isso. E eu queria dizer, mas dá um pouco de medo. Ah, mas acho que isso passa. Passa, né? Te amo. ...

terça-feira, 19 de maio de 2009

Oi, tudo bem? Tudo bem e você? Tudo bem, saudade! É, eu também. Como foi lá? Divertido, depois te conto mais. Depois? É, andei pensando. Hum... Acho que foi um engano. Ah, é? É, não era pra ser assim. É, imaginei que você fosse dizer isso, acho que concordo mesmo com você. Ah, é? É. Por que? Ah, tenho muita coisa pra fazer ainda. É verdade, sei como é. Sabe? Acho que sei. Melhor assim, né? É. Tá bom, não me liga mais, então tá? Nem amigos? É, a gente não funciona assim. Então tá. É. Tá, um dia te conto mais. Tá bom. Tchau então. ...

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Então

Como é mesmo o nome daquele cara daquea banda de rock famosa? Aquela que é considerada uma das melhores do mundo de todos os tempos? Deve ser esse aí mesmo que você pensou. Então, todo dia quando volto pra casa vejo um poster dele na parede de um apartamento no térreo de um prédio da minha rua. Fica um quarteirão antes do meu prédio, no caminho pro metrô. Até a semana passada eu sabia o nome desse cara e toda vez que passava e via o poster pendurado na parede do lado de um chapéu verde, estilo Peter Pan (que, por sinal, fica pendurado muito alto, numa altura em que não se costuma pendurar chapéus), eu pensava: olha, é o Fulano. Mas há alguns dias o nome dele sumiu da minha memória e agora toda vez que eu passo ali, como hoje por duas vezes, fico tentando lembrar. Mas não vem. O cara mora num apartamento de dois quartos. Mas parece que só um é usado. O outro está sempre com a janela fechada. E o primeiro tem umas prateleirars também muito altas, com roupas dobradas e livros e papéis. Tudo meio bagunçado. Se tem cama, de solteiro ou de casal, ou colchão no chão, eu não sei, porque a janela fica num nível mais alto que a rua. (Pelo estilo das outras coisas que vejo, imagino um colchão no chão com aqueles lençois sem jogo). Mas dá pra ver algumas coisas, como as que estão penduradas muito altas, pela janela de vidro. Um dia, só uma vez, o cara estava na janela olhando a rua. Eu olhei pra ele e falei no pensamento: Oi, tudo bem? Eu te conheço. Você é o cara que mora no apartamento do poster do Fulano de Tal que eu não lembro o nome e do chapéu verde, que não usa chapéu, pois ele está sempre pendurado muito alto. E você não deve assistir televisão, porque nunca tem na janela aquela luz azulada de televisão ligada, deve ler bastante, porque aluz sempre está acesa, e deve ter um violão, que não toca com frequência, porque nunca ouvi nenhuma música aí. Mas você tem cara e apartamento de quem toca violão. E de quem fuma maconha com os amigos. Apesar de a luz estar sempre acesa e não ter nunca movimento na sua casa, imagino que você tenha amigos que fumam maconha. É, com esse chapéu verde pendurado alto, esse poster do Fulano, essa luz sempre acesa e essa casa vazia, você tem cara de quem fuma maconha. Na verdade nem sei que cara o cara tinha, Não reparei. Mas hoje pasei de novo ali na frente e olhei pela janela. Mas a luz estava apagada. E eu fiquei com medo de estar andando na rua sozinha a essa hora da noite, com a luz pagada e apertei o passo, mesmo depois de já ter andado quase cinco quadras sem preocupação alguma. E o barulho das minhas botas de cowboy pisando na calçada ficou mais alta. E o ritmo da música na minha cabeça aumentou: "You keep saying you've got something for me something you call love, but confess. You've been messin' where you shouldn't have been a messin' and now someone else is gettin' all your best. These boots are made for walking, and that's just what they'll do one of these days these boots are gonna walk all over you." Cheguei em casa, subi no elevador me olhando no espelho e me achei bonita hoje. Não é que você fala a verdade quando diz que meus olhos são bonitos? E eu nunca tinha achado. Da minha boca eu sempre gostei, mas meus olhos? É, eles são bonitos sim. E eu fiquei pensando em como eu detesto o mar, porque ele só serve pra separar as pessoas.

domingo, 17 de maio de 2009

Um trechinho...

Ainda tô no começo, mas aí vai:

"Até então, eu não era propriamente infeliz. Mas tampouco era feliz. Tinha saúde, tinha momentos de alegria, mas passava a maior parte do tempo triste. Tolice, mentira, injustiça, sofrimento: fazia-se em torno de mim um caos muito escuro. E que absurdo eram os dias, a se repetirem de semana em semana, de século em século, sem levarem a parte alguma! Viver era aguardar a morte durante quarenta ou sessenta anos, patinando no nada. Por isso é que eu estudava com tanta dedicação! Só os livros e as idéias resistiam a tudo, só eles me pareciam reais.
Graças a Robert, as ideias baixaram à terra e a terra tornou-se coerente como um livro, um livro que começa mal, mas que acabará bem. A humanidade tinha uma direção; a história, um sentido. E minha própria existência também. A opressão, a miséria encerravam a promessa de seu desaparecimento. O mal já estava vencido; o escândalo, dispersado. O céu fechou-se sobre minha cabeça e os velhos temores me abandonaram. Não foi a poder de teorias que Robert me libertou deles; demonstrou-me que a vida se basta a si mesma, só com o ser vivida. À morte ele não dava nehuma importância, e suas atividades não eram entretenimentos: ele gostava do que gostava, queria o que queria, de nada fugia."

Os mandarins, Simone de Beauvoir

Vai saber...

Ando ansiosa. Com vontade de fazer muitas coisas. Fazendo algumas e outras não. Esperando alguma coisa que vai acontecer. Esperando alguma coisa acontecer. Espero que alguma coisa aconteça. Que uma coisa aconteça. Como a Christina do Woody Allen, sei cada vez mais o que não quero e, assim, chego cada vez mais perto do que quero. Quero ver a Fernanda Montenegro no teatro e, por isso, comecei a ler Simone de Beauvoir. Quero assistir Budapeste, por isso comecei a ler o livro do Chico Buarque. Quero ver Audrey Tatou como Chanel, mas parece que só estreia em agosto. Quero conhecer o Antoine Doinel, por isso nesse final de semana me dediquei a assistir aos filmes do Truffaut. Quero voltar a ir ao teatro tanto quanto ia no ano passado. Quero continuar encontrando meus amigos jornalistas para discutir assuntos essenciais à vida humana e para formular teorias com saleiros na mesa do Filial. Quero conviver com pessoas que não subestimem a inteligência, o bom-senso e o senso estético dos outros e que saibam que algo não precisa ser mediocre para ser compreendido. E que vejam a beleza além da banalidade e do óbvio. Quero ter forças para não me entregar à inércia, à acomodação de pensamento, à estupidez e à ignorância.
Amém!

É por essas e outras

Que eu admiro meu amigo (posso te chamar assim?) Lucas Pretti. A gente fez faculdade juntos, ele agora escreve sobre tecnologia no Estadão e faz teatro. Ele é um cara obstinado, que vai atrás do que quer, do que gosta e do que acha certo. Mas, acima de tudo, admiro o respeito que ele tem pela arte. Ele entende muito mais do que eu, mas me identifico com a paixão e entusiasmo com que ele fala sobre o assunto, encarando a arte como o que dá sentido à vida e ao mundo. Pelo menos é o que eu sinto quando conversamos.
Fazia tempo que eu não lia seu blog por pura falta de tempo e computador (e fui cobrada disso por duas vezes nas últimas semanas). Mas hoje, aproveitando o final de semana livre, dei uma passada lá e encontrei esse texto sobre a entrevista que ele fez como Hermeto Pascoal (sobre o qual ele já tinha comentado esses dias na Mercearia). Clica aqui. Só digo uma coisa: Lucas, você tem cacife para fazer o que quiser!