sábado, 15 de novembro de 2008

Climas



Também assisti Climas, do cineasta turco Nuri Bilge Ceylan, que, ao contrário do passado em Barcelona, dá vontade de passar longe da Turquia, apesar das paisagens serem maravilhosas. O filme todo tem um clima tenso e melancólico. Mostra a dificuldade de comunicação entre as pessoas, contando a história do final do amor entre uma jovem e um homem mais velho e machista. É angustiante, porque ele e a mulher querem falar, conversar um com o outro, mas não conseguem expressar o que estão sentindo. Por não terem coragem ou por não terem palavras. Triste e real. A beleza do filme está na forma como a relação entre os dois é expressa mais por meio do silêncio do que por meio das palavras, dando peso à imagem, às expressões e, principalmente, aos olhares. Bela fotografia.

Eu não sei o que quero, mas sei o que eu não quero



Que vontade que me deu de ir pra Barcelona, depois de assistir o novo filme do Woody Allen, Vicky Cristina Barcelona, ontem! Ele mostra uma cidade onde a arte e a cultura borbulham, onde as pessoas são passionais e as paixões se concretizam, onde existe calor, música, as paisagens e a arquitetura são belíssimas, onde se almoça no jardim e se passeia no campo de bicicleta para apanhar amoras, os homens são sedutores, as mulheres sensuais e se embriagam com vinho, enquanto degustam pratos deliciosos...

Fora o cenário perfeito, imagine um personagem que é poeta, cria obras maravilhosas e nunca as publica por vontade própria. Mas por quê? Para vingar-se do mundo. Ele tem raiva das pessoas e por isso as priva do contato com a beleza de sua arte. Mas, de novo, por que tanta raiva? Porque, mesmo depois de séculos de civilização, as pessoas ainda não aprenderam a amar.

E esse homem, pai de Juan Antonio (Javier Bardem), é o contraponto do principal assunto do filme: a busca pelo amor como forma de atingir a completude. A busca pelo amor racional, identificável e inteligível, que nos faça sentir que não precisamos de mais nada. E esse ´não precisar de mais nada´ tem a ver com a sensação de certeza de que estamos no lugar certo e fizemos as melhores escolhas. Só aí encontraremos a paz. Mas, essa semana, ouvi uma frase ótima (e foi em uma novela da Globo que passa a tarde). A Suzana Vieira falou pro Tony Ramos: "Você procura a paz? Pois eu sei quem quer paz e tem muita paz. Os mortos."

Isso é muito engraçado. E rir foi o que eu mais fiz durante esse filme. A gente nunca vai encontrar durante a vida a plenitude, a satisfação completa. Porque, como acontece no filme com Cristina, sempre vai ter uma coisa fazendo nossas pernas tremerem e quererem mudar de direção. Ou, como acontece com Vicky, sempre vai haver uma pontinha de dúvida se aquela era a escolha certa a fazer. Só que isso acaba sendo um motivo de sofrimento pra todo mundo, enquanto que deveria ser uma razão pra dar risada mesmo, porque a gente está preso à condição humana e isso faz parte de nós. A eterna insatisfação e a eterna dúvida. Não é divertido, no final?

No filme, os personagens que encontraram a paz, a estabilidade, são mostrados como pessoas que levam uma vida monótona e tediosa. E o próprio amor só é visto como algo estimulante enquanto não se torna parte constante da vida das pessoas. Quando ele se concretiza e se estabiliza, perde a graça. É o caso do casal que hospeda as duas turistas. A mulher diz: "Preciso sair da situação em que me encontro. Eu o amo, mas não sou apaixonada por ele." São os desafios e as emoções que movem o ser humano. É aquele frio na barriga que nos faz sentir vivos.

Cristina, a personagem de Scarlett Johansson, é incrível. Não tem medo, quer viver, se encontrar e é motivada por aventuras. Se entrega e experimenta, para saber o que não quer e, quem sabe um dia, descobrir o que quer. E a Scarlett arrasa. A expressão dela quando o pintor faz a proposta de irem para Oviedo, enquanto a amiga está negando o convite é demais. Mas sensacional mesmo é Vicky (Rebecca Hall). Coitada! Essa não sabe mesmo o que quer. E sempre acha que sabe. Ela é a contradição em pessoa. Quer fazer o que é certo, de acordo com suas convicções, mas sempre hesita e acaba cedendo - ao tirar uma foto, aceitar um doce, uma bebida, um convite ou fazer amor. Escolhe uma coisa, mas fica desejando outra, seja qual for sua decisão. Conforme escreveu o João Gabriel, na matéria de capa da Bravo! desse mês, se o filme fosse rock, seria o refrão de Satisfaction, do Rolling Stones - "Eu não consigo ter prazer, mas tento, tento e tento".

O problema é que esse prazer que se tenta ter é um prazer supremo, ideal. Por isso, ele nunca é atingido. O único que parece ter essa consciência é Juan Antonio, que sabe o que quer, sabe o que fazer para conseguir o que quer, conhece e aceita suas limitações e as limitações impostas por cada situação. E vive. Intensamente, mas conscientemente...

O calor maior fica por conta de Maria Elena, interpretada por Penelope Cruz, completamente sem limites, intensa e passional, segue todos os seus instintos sem pensar duas vezes. O oposto de Vicky. É o sangue latino fervente mostrado em seu extremo, beirando a irracionalidade (quase insanidade).

No final, a resposta para tudo parece estar na fala de Juan Antonio, que diz: "Eu e Maria Elena fomos feitos um para o outro, mas ao mesmo tempo, não fomos feitos um para o outro. É uma contradição". Mas, a vida é uma contradição, e nem Woody Allen, nem ninguém, tem uma solução definitiva pra isso.

Oh, pobres humanos!

E vai ser assim: a menina que já tinha tudo planejado, e sabia exatamente o que ia acontecer, vai ser surpreendida e suas certezas vão se transformar em dúvidas. E a outra, a louquinha e impulsiva, que procurava uma certeza, vai encontrar o que buscava, mas, de repente, vai ver que não era nada daquilo que queria e vai voltar atrás. Só que essa mudança vai afetar a estabilidade que outras pessoas procuravam e conseguiram encontrar nela. E aí tudo volta pra onde começou. Oh, pobres humanos! Sempre insatisfeitos, sempre incompletos, sempre indecisos, sempre buscando alguma coisa que nunca vão encontrar...

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Não dá pra negar...

Inteligência, cultura e experiência me atraem.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

E é nessas horas...

que a gente vê quem gosta mesmo da gente...

Essa veio em boa hora

Sorte de hoje no Orkut: O pessimista vê a dificuldade em cada oportunidade; o otimista vê a oportunidade em cada dificuldade.

É, Gabriel, você tem razão...

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Alguém me explica

O que significa quando uma pessoa que nunca acreditou no mal e nunca teve o azar de levar nem uma picada de pernilongo ao longo de quase toda a vida começa a sofrer uma série de acidentes seguidos em menos de um mês?
Eu nunca caí (pelo menos não depois que completei 10 anos de idade), nunca quebrei nenhum osso, nunca fui atropelada, nunca fui assaltada, nenhum passarinho nunca fez cocô na minha cabeça, nunca sujei minha roupa de macarrão na hora do almoço antes de uma reunião de trabalho, nunca fui atacada por cachorro, nem gato, nunca ganhei presente que não gostei, nunca tropecei na rua, nunca uma manicure tirou bife do meu dedo, e quase nem fico doente, nem gripe costuma passar perto de mim.
Mas tudo começou depois de um dos posts que escrevi há um tempo, no qual dizia que era uma pessoa de muita sorte, porque nada dava errado pra mim nunca. Eu estava trabalhando em uma editora que ficava em um lugar muito bonito e com pessoas muito bacanas. Um tempo depois disso, os caras chamaram a equipe e disseram que não tinham dinheiro pra pagar ninguém, que era pra gente aguentar trabalhando enquanto pudesse, pois nem dinheiro para pagar o nosso deslocamento até lá eles teriam. Resultado, tudo mundo abandonou a revista. E até agora nem o cheiro do pagamento pelos meus dois meses de trabalho. Depois, o dono da editora ainda nos chamou para conversar e insinuou algumas ameaças para que ninguém pensasse em processar a empresa.
Na mesma época, ainda tomei um perdido de um cara por quem estava apaixonada...
Mas o mais grave começou há umas três semanas e meia. Primeiro foi meu computador, meu Macbook novinho, que queimou, porque eu fiz a idiotice de derramar líquido em cima dele. Perdi tudo, minha vida...
Depois, foram dois tombos feios na sala de casa (um deles hoje), em uma semana e meia, uma garrafa de chapagne estilhaçada no chão e um acidente de carro. Um capotamento a 30 km por hora às 8h da manhã, na frente do meu prédio, cuja rua é uma subida. Poucos conseguiriam essa proeza.
Dois galos na cabeça, torcicolo, ombro ferrado, um corte no cotovelo, um corte na canela, alguns hematomas...
E eu juro que nunca desejei mal pra ninguém, pelo contrário, quem me conhece sabe que o que eu mais quero é ver todo mundo bem e feliz.
Acho que vou me benzer, tomar um banho de sal grosso, tomar um passe, acender uma vela, um incenso, sei lá... Tô até com medo de sair na rua - apesar de que nem minha casa parece mais segura...
Parece brincadeira, mas não é...

Preciso...

... de um trabalho. Não aguento mais isso...
Se alguém souber de alguma coisa, me avisa.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

domingo, 9 de novembro de 2008

Nossa vida não vale um Chevrolet


























E quando eu vi, tava de ponta cabeça, presa pelo cinto de segurança... Mas só ralei o joelho...