sábado, 24 de maio de 2008

Ridículo!!

Brasil se prepara para reforma ortográfica

DANIELA TÓFOLI
da
Folha de S.Paulo

O fim do trema está decretado desde dezembro do ano passado. Os dois pontos que ficam em cima da letra u sobrevivem no corredor da morte à espera de seus algozes. Enquanto isso, continuam fazendo dos desatentos suas vítimas, que se esquecem de colocá-los em palavras como freqüente e lingüiça e, assim, perdem pontos em provas e concursos.

O Brasil começa a se preparar para a mudança ortográfica que, além do trema, acaba com os acentos de vôo, lêem, heróico e muitos outros. A nova ortografia também altera as regras do hífen e incorpora ao alfabeto as letras k, w e y. As alterações foram discutidas entre os oito países que usam a língua portuguesa --uma população estimada hoje em 230 milhões-- e têm como objetivo aproximar essas culturas.

Não há um dia marcado para que as mudanças ocorram --especialistas estimam que seja necessário um período de dois anos para a sociedade se acostumar. Mas a previsão é que a modificação comece em 2008.

O Ministério da Educação prepara a próxima licitação dos livros didáticos, que deve ocorrer em dezembro, pedindo a nova ortografia. "Esse edital, para os livros que serão usados em 2009, deve ser fechado com as novas regras", afirma o assessor especial do MEC, Carlos Alberto Xavier.

É pela sala de aula que a mudança deve mesmo começar, afirma o embaixador Lauro Moreira, representante brasileiro na CPLP (Comunidade de Países de Língua Portuguesa). "Não tenho dúvida de que, quando a nova ortografia chegar às escolas, toda a sociedade se adequará. Levará um tempo para que as pessoas se acostumem com a nova grafia, como ocorreu com a reforma ortográfica de 1971, mas ela entrará em vigor aos poucos."

Tecnicamente, diz Moreira, a nova ortografia já poderia estar em vigor desde o início do ano. Isso porque a CPLP definiu que, quando três países ratificassem o acordo, ele já poderia vigorar. O Brasil ratificou em 2004. Cabo Verde, em fevereiro de 2006, e São Tomé e Príncipe, em dezembro.

António Ilharco, assessor da CPLP, lembra que é preciso um processo de convergência para que a grafia atual se unifique com a nova. "Não se podem esperar resultados imediatos."

A nova ortografia deveria começar, também, nos outros cinco países que falam português (Portugal, Angola, Guiné-Bissau, Moçambique e Timor Leste). Mas eles ainda não ratificaram o acordo.

"O problema é Portugal, que está hesitante. Do jeito que está, o Brasil fica um pouco sozinho nessa história. A ortografia se torna mais simples, mas não cumpre o objetivo inicial de padronizar a língua", diz Moreira.

"Hoje, é preciso redigir dois documentos nas entidades internacionais: com a grafia de Portugal e do Brasil. Não faz sentido", afirma o presidente da Academia Brasileira de Letras, Marcos Vilaça.

Para ele, Portugal não tem motivos para a resistência. "Fala-se de uma pressão das editoras, que não querem mudar seus arquivos, e de um conservadorismo lingüístico. Isso não é desculpa", afirma.

Uma canção para Laila

the Velvet Underground & Nico: Femme Fatale

Femme Fatale

(Reed)


Here she comes, you better watch your step

She's going to break your heart in two, it's true

It's not hard to realize

Just look into her false colored eyes

She builds you up to just put you down, what a clown


'Cause everybody knows (She's a femme fatale)

The things she does to please (She's a femme fatale)

She's just a little tease (She's a femme fatale)

See the way she walks

Hear the way she talks


You're written in her book

You're number 37, have a look

She's going to smile to make you frown, what a clown

Little boy, she's from the street

Before you start, you're already beat

She's gonna play you for a fool, yes it's true


'Cause everybody knows (She's a femme fatale)

The things she does to please (She's a femme fatale)

She's just a little tease (She's a femme fatale)

See the way she walks

Hear the way she talks

O nosso mundo


Quatro estações se passaram e a sua ausência ainda é um fantasma que me persegue a cada dia, a cada hora, a cada minuto.


Os momentos, as fases e as épocas às vezes se desentendem e insistem em não serem simultâneos, nos levando por caminhos diferentes. Longe o suficiente para manter as mãos afastadas do toque mas perto o suficiente para continuar sentindo o calor do corpo do outro. Os olhos não vêem, mas o coração ainda sente sua presença.


Será que isso vai acabar um dia? Ou vai ser uma eterna punição por uma escolha que foi capaz de alterar o curso de um rio e fazer a terra fértil e verde se tornar um campo árido, impermeável e incapaz de gerar sequer um broto de esperança no que poderia ser o amor? Será que as borboletas voltarão a voar por aqui?

quinta-feira, 22 de maio de 2008

Play

Não sei se Deus existe, nunca o vi. Em vez de crer em um ser superior, que olha pra tudo o que as pessoas fazem e no fim da vida determina quanto e como cada um vai ter que pagar pelos seus atos, prefiro acreditar que somos responsáveis por tudo o que fazemos e pelas consequências também. Consequências que vêm agora, hoje, ou amanhã, mas voltam pra gente ainda nesta vida e não depois da morte. Pra mim, não existe céu, não existe inferno e os frutos de nossas escolhas serão colhidos aqui e agora.


Mais importante do que temer a eternidade queimando no inferno, ou uma próxima vida cheia de sofrimento, é conseguir conviver com a própria consciência. Nosso julgamento não vai ser feito em um tribunal da alma, mas sim a cada momento dentro de nós mesmos. Todas as nossas ações, secretas ou reveladas, vão nos acompanhar por todos os dias da nossa vida e o maior juiz, o maior carrasco, é a própria consciência. E conviver com o veredicto negativo de nós mesmos é a pior punição que se pode ter. O peso da culpa é o maior que se pode carregar e, às vezes se torna insuportável. Então a questão é: quanto peso você aguenta carregar?

Isso é mostrado no filme "O Sonho de Cassandra", de Woody Allen, que assisti há algum tempo. Dois irmãos reagem de forma diferente às consequências de um mesmo ato. Para um aquilo se torna insuportável, já o outro continua levando uma vida normal como se nada tivesse acontecido. Na peça "Senhora dos afogados", de Nelson Rodrigues que está em cartaz no Sesc Anchieta, com direção de Antunes Filho, a mesma coisa acontece com membros de uma família. Moema, a filha, apesar de admitir que os crimes que cometeu a atormentam todos os dias e corroem sua alma, age de forma natural, pois a satisfação de ter atingido seus objetivos é maior do que a culpa. Jå seu pai não consegue aceitar seus próprios atos sozinho e busca no outro - alguém que possa ser considerado tão culpado quanto ele - para tentar se redimir. Um sente culpa,outro não.


A medida entre o valor que se dá para o que se quer e o esforço que terá que ser feito para conseguir deve ser decisiva na hora de se fazer uma escolha. E isso é algo muito particular a cada indivíduo, provém dos valores, da visão de mundo, dos anseios, das crenças, do modo de vida e da vivência de cada um. Por isso, ninguém pode se sentir digno de julgar os atos de outra pessoa. Como você pode saber qual seria a sua atitude ou a sua reação se estivesse naquela hora e naquele lugar? Como pode saber que não faria algo igual ou pior? E pior ou melhor pra quem? As pessoas são imprevisíveis e ninguém consegue conhecer nem mesmo a si tão profundamente para saber o que pode ser capaz de fazer em todas as situações.


O ser humano age por instinto, instinto de sobrevivência, que é o fator elementar e determinante de todos os sentimentos, sensações e desejos do homem. Afinal, somos animais. A sociedade criou regras que contrariam os instintos e desejos humanos e, a partir delas, julga seus membros. Se levarmos em consideração que Deus é o responsável pela criação de tudo, é como se ele estivesse procurando algo para se entreter. Dá ao homem impulsos e livre arbítrio para segui-los ou reprimi-los, mas diz que eles são errados, feios e sujos e que podem levar a uma punição. E nós ficamos aqui, nos equilibrando entre o certo, o errado, o aceitável e o inadimissível. Muito divertido pra quem está de fora, né? Mas será que é possível se libertar disso?

domingo, 18 de maio de 2008

O importante é ser tranquilo e otimista...

Tout Doucement lyrics

(Feist)


Tout doux, tout doux, tout doucement

Toujours, tout doux, tout doucement

Comme ça

La vie c'est épatant


Tout doux, tout doux, tout doucement

Toujours, tout doux, tout doucement

Comme ça

La vie je la comprends


N'allez jamais trop vite

Vous aurez tout le temps

Attention à la dynamite

Prenez garde au volcan, à ces gens énervés

Qui ne savent pas aller


Tout doux, tout doux, tout doucement

Toujours, tout doux, tout doucement

Comme ça

En flânant gentiment


N'allez jamais trop vite

En aimant simplement

Pour avoir de la réussite

Soyez très très prudent

L'amour alors viendra

Se blottir dans vos bras


Tout doux, tout doux, tout doucement

Toujours, tout doux, tout doucement

Comme ça

En flânant gentiment

En souriant gentiment

En flânant gentiment

Tout doucement 

Changes


A Laila acordou de mau humor hoje. Cansou de ser o que ela era. Foi na farmácia, comprou água oxigenada e blondor. Voltou pra casa, pegou uma tesoura, entrou no banheiro, picotou o cabelo e depois descoloriu. Olhou no espelho e achou que ficou bom. Viu outra pessoa ali, mas do lado de cá ainda era ela. 

Sensação e compreensão (retomando)


O que é mais importante na arte e o que faz com que algo seja considerado arte?


Alguns acham que o que importa é a forma, outros o conteúdo e há alguém ainda que diz que o importante é fazer o espectador pensar, transmitir uma ideologia.


Pra mim arte é o que desperta algum tipo de sensação ou sentimento no espectador. Despertar, no dicionário, significa fazer sair do estado de torpor ou de inércia, fazer readquirir força ou atividade, provocar, excitar, estimular, é o ato ou efeito de abandonar a indiferença, a inatividade, ou de iniciar um processo.


Assim, estimulando sensações e sentimentos em quem aprecia, a arte abre caminho para um novo olhar, um novo pensar, ou o pensar sobre um novo objeto não observado antes. Mostra novas perspectivas, que podem ou não ser aceitas e incorporadas, mas que, no mínimo, geram um certo questionamento, um “Como eu não tinha pensado nisso antes?” ou um “Não, isso não é bem assim”. Dessa forma, idéias novas serão adquiridas ou idéias já existentes serão reforçadas, ampliando horizontes.


Por esse motivo, para aproximar o espectador da obra é preciso abordar sentimentos universais e elementares, pertencentes à essência do ser humano desde que ele habita a Terra. Paixão, amor, raiva, medo, desejo, ausência, ou a combinação de tudo isso. Mesmo que o objetivo seja transmitir uma determinada idéia que, aparentemente possa não ter relação com esses sentimentos, é estimulando a sensibilidade do espectador que se tem a maior chance de cumprir a tarefa de modo eficaz.


Com relação ao observador, é necessário que esteja disposto a abrir a mente e o coração. A técnica é apenas a superfície, o meio é apenas o caminho. Arte não é para entender é para sentir. É essencial que se vá além. Somente sentindo, é que se consegue ter a compreensão de seu significado.