quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Stay hungry, stay foolish

Barbarella

Primeiro eu conheci a banda e o clipe, assistindo MTV nos anos 90. Ela mais parece uma Barbie prostituta revoltada. (Duran Duran - Electric Barbarella)



Depois eu descobri quem eram Duran Duran e Barbarella, que já existiam muito antes disso. Na verdade, eles sairam dos quadrinhos e viraram filme nos anos 60, dirigido por Roger Vadim e estrelado pela Jane Fonda. Ela é uma heroína intergalática hedonista cuja principal arma é o amor e que sai da terra com a missão de resgatar o cientista Duran Duran em outro planeta. Adoro! O clima, os diálogos, a fantasia, as tiradas, a trilha e especialmente o figurino, inspirado nas idéias futuristas do Paco Rabanne, que usava materias inusitados, como metal e plástico. Uma revolução! Ela troca de roupa incontáveis vezes e todos os modelos são lindos!
Ela tem uma sensualidade meio inocente, mas que sabe usar na hora certa pra conseguir o que quer. Imagina uma cena em que várias mulheres estão deitadas em almofadas fumando em um tipo de narguille gigante, cheia de água e um homem boiando. Quando oferecem a Barbarella e ela pergunta o que é, uma delas responde: "É essencia de homem". Ainda tem a
"Excess Machine", que causa por meio de uma sinfonia um prazer tão intenso que leva à morte, as pílulas que servem pra fazer sexo com o contato apenas das mãos e a câmara de tortura cheia de passarinhos que a atacam, onde ela é colocada para morrer, e diz calmamente algo como: "Que coisa mais poética, morrer com esses lindos pássaros".
Bom, tem muito mais. Achei no blog Philos + Hipos a descrição de alguns outros detalhes sensacionais do filme. Olha lá.

Uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa

Eu adoro o Antonio Prata. Quer dizer, na verdade, adoro as coisas que ele escreve, porque não o conheço. Li no blog dele esse texto que fala sobre a crise de um jeito bem diferente. O texto todo é muito engraçado (Olha isso!: "Era isso: seu Arlindo estava abrindo um mercado.) e a conclusão é genial. Aliás, esse cara genial. Bom, aí vai.

SORVETE DE CHEESECAKE

(PUBLICADO NO ESTADÃO)

Diz a lenda que Joe Kennedy, pai do presidente, pressentiu o crash de 29 ao receber dicas de investimento do garoto que lustrava seus sapatos. Se até o engraxate estava especulando -- especulou o especulador -- era porque a especulação já tinha ido muito mais longe do que qualquer especulador poderia ter especulado.
Eu, modéstia à parte, também farejei que algo ia mal na economia alguns meses atrás, ao entrar numa grande vídeo-locadora e dar de cara com um jogo de panelas (linha Firenze, revestimento de teflon), seis pares de meias brancas (made in China, dez reais) e uma seção inteira dedicada às lingeries. Quando você acha calcinhas onde buscava Hitchcock, só pode concluir que o mercado está completamente desregulado, não?
Na verdade, eu suspeitava que as coisas andavam confusas desde uma remota tarde no século XX em que a banca do seu Arlindo passou a vender água de coco. Em pouco tempo o jornaleiro comprou um freezer vertical e começou a oferecer também cervejas, refrigerantes e bebidas isotônicas, onde antes havia apenas jornais e revistas, abalando assim um dos pilares de meu pensamento infantil -- a crença de que uma coisa era uma coisa, outra coisa era outra coisa.
Preocupado com a quebra de meus paradigmas, comecei a buscar alguma explicação no papo dos adultos. Falavam sobre a globalização, o fim das fronteiras e a abertura dos mercados. Era isso: seu Arlindo estava abrindo um mercado. E não só ele, percebi, ao reparar no que acontecia com os postos de gasolina: ali, naquela casinha onde antes funcionava uma borracharia, com uma banheira de água imunda e um pôster da Maria Zilda arrancado de uma Playboy de 85, passaram a vender lasanhas congeladas, papel higiênico, canetas hidrocor e outros itens de primeira, segunda ou terceira necessidade.
O que era o tal fim das fronteiras só entendi nos anos 90, não com desmantelo da Iugoslávia, mas ao deparar-me com um saco de batatas-fritas sabor churrasco. Depois vieram o sorvete de cheesecake, o chocolate de cookies e a pizza de cachorro-quente (e ainda crêem que o mercado se regula?!), mas nem me abalei: já estava claro que uma coisa poderia ser outra coisa e, como vimos nos últimos meses, era possível todas as coisas transformarem-se em coisa nenhuma.
Quando entrei na locadora, portanto, e deparei-me com panelas, meias e calcinhas, entendi que aquele era o apogeu do movimento iniciado lá atrás com os cocos do seu Arlindo e que logo viria a débâcle. O pai do Kennedy, em 29, vendeu as ações e comprou terras e imóveis. Eu, dentro de minhas limitações, apenas aluguei um filme e levei um daqueles pacotes com seis meias, pela incrível bagatela de dez reais. Meias brancas, médias e lisas, como convém. Afinal, em momentos de incerteza, temos que nos refugiar na tradição.

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Hummm

Queria agora assistir um filme em casa, comer uma pizza com bastante queijo derretido e tomar um copão de coca-cola.

Com o celular

Isso foi domingo...

E isso foi um dia aí...

Eu sou muito tonta

Ontem eu fiz uma coisa que não fazia há muito tempo, nem lembro quanto. Passei a tarde inteira num shopping, andando e olhando as vitrines. Um shopping muito chique, bonito e com coisas caras. Mais caras do que as mesmas coisas em outros shoppings. Mas eu não fui fazer compras, fui trabalhar. É, tô fazendo uma revista.
Foi um pouco sofrido olhar tantas coisas bonitas e não comprar nada. Lembro de um tempo atrás, quando eu não resistia a uma vitrine e pensava: "Ah, vou só ver e experimentar, não custa nada...". E acabava saindo da loja com várias sacolas cheias e a carteira vazia. Lembro também do professor de um curso que eu fiz, sobre marketing, que só se vestia de preto e com roupas sem marcas. Na verdade, ele era muito elegante e estiloso, devia usar roupas caras, mas dizia que por ter trabalhado tanto tempo vendendo produtos, tinha aprendido a não se render à propaganda. Contou até uma história sobre a ocasião em que presenciou uma criança chorando na fila do supermercado por querer um tipo de queijo só por causa da embalagem que tinha mudado e ficado mais bonita (e que ele havia desenhado), enquanto a mãe falava: "Mas você não gosta disso!". E ele ficou com peso na consciência.
Sorte minha que, depois de terminar a Viagem do Elefante, meti na bolsa o primeiro L&PM que achei na prateleira: Sêneca, Aprendendo a Viver. E ele me disse: "A comida deve acalmar a fome, o beber, a sede, as roupas devem proteger do frio, a casa, ser abrigo contra o mau tempo. Não importa se foi construída com taipa ou com mármore importado: saiba que um teto de palha abriga um homem tão bem quanto o de ouro. Despreza tudo o que um trabalho supérfluo estabelece como enfeite e requinte; pensa que nada é extraordinário a não ser a alma e que, para uma alma grande, nada é grande".
E vi que
, por volta das 16h, aquele shopping se enche de senhoras muito bem arrumadas e maquiadas, que se reunem para tomar o café da tarde, em cafeterias refinadas. Enquanto isso, nos bancos lá fora, duas amigas de uns 20 anos, também maquiadas e com roupas da moda, conversam, uma morena e uma loirinha com uma sacola de uma loja cara no colo. A morena diz: "Vamos até a Paulista comigo, é só pegar o metrô aqui do lado". E a outra responde: "Mas eu só tenho dinheiro pra voltar pra casa. Dois e quarenta pro metrô e dois e sessenta do ônibus". E, do outro lado das trinta e duas palmeiras enfeitadas com luzinhas de Natal, uma senhora senta ao lado de uma moça com uniforme de uma loja de óculos, que escuta música com fones de ouvido, e diz: "Moça, se eu fosse você chegava mais pra lá porque eu vou fumar". E ela diz: "Não tem problema". Aí, a velha começa a falar do feriado da próxima quinta e a moça desata a falar coisas como: "É uma droga esse feriado, eu vou trabalhar de qualquer jeito, das 10 às 10 e a única coisa que ganho a mais é 20 reais, pelo menos dá pro lanche, se bem que esse shopping é tão caro que nem pro lanche dá, e eles nem dão vale alimentação. Esses negros são preconceituosos contra eles mesmos, porque não tem dia da consciência branca? Se alguém me chama de branquela, pra quem eu vou reclamar? Foi a Marta que fez esse feriado pra ganhar voto, mas não adianta nada. Eu só trabalho nesse shopping pra pagar a faculdade, porque sou sozinha aqui em São Paulo. Mas esse é o último ano. Não suporto esses judeus mal educados que não olham nem pro lado e tratam a gente com grosseria. Na loja que eu trabalho todo mundo tem que ter tatuagem, piercing, por causa do estilo da marca, né? Mas aqui a gente não pode mostrar nada porque os judeus olham feio. E sábado então, que eles nem pegam em dinheiro! Mas eu tô em horário de almoço, deixa eu voltar pra loja. Passa lá depois pra comprar um óculos comigo". Ah, e teve também a gerente de uma loja suuuper chique de decoração que chamou a funcionária lá fora pra conversar: "A gente vai te efetivar, eu preenchi esse formulário com a sua avaliação. Coloquei excelente em tudo, menos em produtividade e interesse, porque você é nova e acho que pode fuçar mais no sistema pra aprender. Agora você assina e a gente manda pra eles. Você tá gostando? Vai querer ficar mesmo? Ótimo. Esse papel já tava aqui comigo há um tempão pra preencher e mandar, sabe? Mas é que nunca dá tempo. Assina aí e a gente manda logo." E a moça "Ficou bonita a decoração de Natal que a loja fez, né?". E a gerente: "É, vamos?".
Depois, a noite, fui assistir Uma pilha de pratos na cozinha, texto do Bortolotto, no Satyros 1. Enquanto esperava minha amiga Priscila tomando um café no bar do Parlapatões, vi passar um homem maltrapilho, provavelmente um morador de rua, que, por cima das roupas velhas e sujas, usava um chambre (que palavrinha!) com losangos azuis e vermelhos, limpo, quase brilhante, que chegava a dar um ar elegante a ele. E me fez sorrir.
Assisti o espetáculo, senti o estômago contraído e gelado nos minutos finais e vi gente chorando. Quando saí só senti vontade de falar uma coisa: "Vai se foder!". Por que você acha que tem o direito de jogar essas cosias assim na nossa cara? E por que você faz isso tão bem? E sem rodeios, sem vergonha, sem nem disfarçar...
Saí e lembrei de novo do que tinha lido de manhã: "Discordo daqueles que se jogam no meio das ondas e que, atraídos por uma vida tumultuosa, lutam, cotidianamente, com grande ânimo, contra as dificuldades das coisas. O sábio o suporta, não o escolhe, prefere a paz à luta; não é muito útil abandonar-se aos próprios vícios se é preciso lutar contra os alheios. (...) Alguns se vangloriam dos seus vícios; e tu pensas que busca remédio quem enumera os seus vícios como se fossem virtudes?"
E cheguei em casa antes da meia-noite, pensando e rindo sozinha...

terça-feira, 18 de novembro de 2008

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Sabe aqueles dias...

Em que o cabelo não obedece, nenhuma roupa do guarda-roupas fica boa, parece que todo mundo te olha de um jeito estranho, você não consegue ficar a vontade e não tem paciência com nada?

Tô assim hoje.

Tô carente.

Quero colo.

Buá!

:(

Carta a um jovem ator

O homem foi feito para sonhar e criar ilusões. Por isso os artistas são, em geral, mais felizes que os outros. Criam mais. Por isso tem tanta gente aqui querendo faze teatro. Em que grau de ilusão você prefere viver? Essa é a sua única escolha. e, a partir daí, tome toda a responsabilidade pelos seus atos. Você só faz o que quer. Senão faria outra coisa. Papai e mamãe foram dormir, estão, talvez, engendrando outro neném. Você está sozinho e isto não é mal. Nem Deus teve pai e mãe.
Abaixo, conselhos práticos para ser feliz. Sempre lembrando que o bom conselho é aquele que a gente não tem que seguir.
1. Viver cada dia como se fosse o último. Já fizeram um ótimo filme sobre esse assunto. Um filme de jovens, A Sociedade dos Poetas Mortos. Carpe Diem. Sim, porque cada dia pode ser o último. Por exemplo, cada filme que faço pode ser o último. As produtoras pdoem não querer mais botar dinheiro, eu posso não ter mais vontade de fazer filmes e posso, naturalmente, morrer antes das filmagens. Viver cada dia como se fosse o último é, na verdade, viver bem enquanto se pode. Tirar de cada momento o máximo que tiver para dar. Como eu estou fazendo com este momento aqui. Viver cada dia como se fosse o último não é ficar pensando na morte. É prezar a vida. Saber de todos os prazeres que ela pode dar e aproveitá-los. Avidamente.
2. Respeitar os seus desejos. a máquina de desejar do homem é muito frágil. Enguiça com muita facilidade. Se você me convida para tomar um sorvete e eu digo "Ah, não quero não", é capaz de você desistir de tomar o sorvete. E este será um sorvete a menos na sua vida. Porque desejar é viver. O desejo é a fonte de toda saúde, de toda produtividade. Ele tem que ser cuidado, respeitado. O menor desejo de um homem deve ser atendido o mais depressa possível. Se contrariamos muito alguém, por exemplo, obrigando-o a acordar todos os dias às 6h da manhã para ir trabalhar naquilo que não gosta, a máquina quebra. Depois de algum tempo, esse homem não deseja mais nada. E, não desejando, deseja o mal. Não deixe isso acontecer com você. Todo mundo tem que fazer o que gosta. Todo mundo tem que ganhar dinheiro no final do mês para pagar suas contas. O Herói Moderno, o sábio, o gênio moderno, é aquele que consegue unir essas duas coisas. Esse deveria ter as suas mãos beijadas nas ruas.
3. Mas seja humilde. Com o grau elevado de auto-estima, porém humildade. Humildade é sinônimo de inteligência. O homem que sabe, sabe que não sabe. Já o burro ignora sua burrice. Cuidado com os burros.
4. Melhor se arrepender de ter feito do que de não ter feito. Exemplo simples: garota ao seu lado. Você tem vontade de agarrá-la. O máximo que pode acontecer é ela te dar um tapa, se você agarrá-la. Se não, o mínimo que pode acontecer é você ficar batendo com sua cabeça na parede de arrependimento. Diante da dúvida, não fazer é uma atitude antiga, do século 20. Chama-se a cautela. Uma atitude careta, por assim dizer. Uma coisa boa para as crianças.
5. Você deve terminar tudo aquilo que começa. Um curso um namoro, nem de sair do filme no meio eu gosto. Terminar aquilo que se começa é o segredo, que ninguém nos ouça, da produtividade e, portanto, da riqueza. Somente terminando aquilo que você começou é que você vê se era um lixo ou uma maravilha. Começar sem acabar é depressão. Você deve ir até o fim. Até a vida.
6. Tudo é sexo. Gente, essa eu não preciso explicar. Sexo é a força da qual emana tudo. Talvez seja o sexo que une os átomos, tornando a matéria coesa. Até hoje acho que, quando um homem e uma mulher enfiam-se um dentro do outro, a Terra treme. Os jovens de hoje dão menos importância ao sexo do que os de minha geração. Não vamos analisar isso. Mas vamos acabar com isso. Sexo é uma forma de conhecimento absolutamente notável. Somente na cama as pessoas revelam como realmente são, é curiosíssimo, deslumbrante. Muito educativo. O amor é o efeito colateral do sexo. E também a paixão, embora esta tenha maior transcendência. Se existe algo na vida que desperta sentimentos modificadores, isto é o sexo.

Pelo cineasta Domingos de Oliveira, na Bravo! desse mês



Sabe o que eu fiz hoje?

Terminei de ler A viagem do elefante, o livro novo do Saramago. Engraçadíssimo.

Mas acho que eu estou precisando mesmo é fazer umas compras...

Só você mesmo...

pra conseguir me fazer rir nesse dia chuvoso.




Isso é muito ruim, né?

Mas eu adorei.

Nossa!

De repente me deu vontade de escrever uma história linda que passou inteirinha na minha cabeça em apenas um segundo.

domingo, 16 de novembro de 2008