sábado, 19 de julho de 2008

Dias Felizes - Samuel Beckett

No primeiro ato, Winnie está enterrada até a cintura. No segundo ato, Winnie apresenta-se enterrada até ao pescoço. 

"Winnie está dolorosamente consciente da sua situação física, mas não do seu absurdo. É essa inconsciência que faz a própria força de Winnie. Ela reconstrói-se com uma graça e tenacidade extraordinárias, tentando afastar o sentimento de incapacidade que cresce."

Paul Lawley

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Se não aguenta o tranco, não entra no jogo...

É isso...

Ciúmes

Um ponto vermelho na pia da cozinha. E outro, e outro, e outro depois, como que marcando o piso com a trilha de volta pra casa. Seguiam para a sala e estampavam o tapete branco, como as últimas confetes esquecidas no chão depois de uma noite de carnaval. E se misturavam com o quebra-cabeças de imagens picadas das fotos que contavam a história de um amor agridoce. As indefectíveis almofadas de veludo ganhavam uma certa alegria melancólica com as gotas cor de carmim. 


E eles continuavam pela escada, tingindo a madeira macia. Iam pelo corredor e se transformavam em manchas nos lençóis brancos adornados com bordado inglês. Os travesseiros de plumas tinham as fronhas encarnadas e úmidas. 


Ainda brincando serelepes pelo carpete, os pontinhos faziam sua trilha até o banheiro. No espelho, digitais borradas lembravam as mensagens apaixonadas antes deixadas com batom. 


Da banheira vitoriana, transbordava uma água tingida com a cor do amor visceral, contrastando com o alabastro da pele que agora não sentiria mais a ânsia desesperada do toque. Os cabelos negros e lisos muito bem cuidados com shampoos caros e cafunés formavam ondas na água. As mãos pequenas, com as unhas sempre impecáveis como se todos os dias fossem de casamento, estavam agora imunes ao desejo de poder segurá-lo e tocá-lo com exclusividade a cada minuto do dia. E o olhar verde e vago, acostumado a inundar-se com lágrimas desconfiadas de insegurança, mostrava agora uma tranquilidade indiferente, quase blasé. 


O celular no chão mostrava 47 chamadas exaustas e sem resposta para o mesmo número, que receberia mais tarde a mensagem: Te amo mais do que a mim mesma e isso é mais do que eu posso suportar.

Wish list


- Moleskine novo, pq o meu só tem mais uma página
- Um livro, mas tem que ser um que você já leu e fez alguma diferença na sua vida (nada de auto-ajuda)
- CD com uma seleção de músicas feitas por você
- DVD de filme clássico, pq ainda tem um monte que eu não assisti e fico me sentindo uma idiota
- Convite para ver um filme ou uma peça
- Um gravador de voz digital
- Uma festa de aniversário à moda antiga, com bolo Nega Maluca, brigadeiro, olho de sogra, sanduiche de pão de forma com patê de presunto, coxinha, empadinha com azeitona e barquete
- Um pique-nique no campo, onde as pessoas vão poder ler seus trechos preferidos de livros e poesias
- Um escrito seu

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Da série "Os menores prazeres da vida" I

Há algum tempo comecei a fotografar com meu celular momentos em que estava sentindo um bem-estar muito, muito grande. Coisas que representassem aquele segundo em que eu poderia dizer: "Eu sou feliz!" 
Um cheiro, um sabor, uma imagem, um toque, um som, que despertam reações químicas no corpo e dão aquele sensação de prazer.
Infelizmente, não consegui passar até agora essas fotos pro meu computador, por incompatibilidade com o celular - coisas da tecnologia. Então, para não perder a idéia, resolvi usar imagens semelhantes.
Aí vai a primeira:
Pra começar o dia bem: Bem cedo, na lanchonete da esquina, com bastante manteiga de verdade e bem torradinho. 
De preferência sem leite e com pouco açúcar.

quarta-feira, 16 de julho de 2008

Recorde

310 acessos hoje...
Estamos evoluindo.

Aproveita enquanto é tempo


Teatro da Curva apresenta Medusa de Rayban

Texto: Mário Bortolotto

Direção: Didio Perini

Com: Ralph Maizza, Daniel Sommerfeld, Paulo de Tharso, Murilo Salles, Ricardo Gelli, Celso Melez e Celso Tourinho


Quando: Sábado as 24h, até 26 de julho 

Onde: Teatro X - Rua Rui Barbosa, 399

Quanto: R$ 20,00 (meia R$ 10,00)


Esses caras são muito bons, a trilha sonora é ótima, e o espetáculo, apesar de falar de assassinos, rende boas risadas.

Muitas felicidades

Semana que vem é meu aniversário. Ontem ganhei um presente. Uma conversa com alguém muito bacana, que está me fazendo pensar até agora. Pessoas assim me ajudam a não sentir tão sozinha no mundo, mas ao mesmo tempo reforçam a sensação de estar deslocada, fora do lugar, ou no lugar errado na hora errada. E penso: mas existe um lugar certo e uma hora certa?
Ganhei também livros autografados, um CD de blues e o tratamento de lady. Bom, né?
Coisas assim não acontecem todos os dias com menininhas como eu.
Feliz, mas ainda sentindo resquícios de um soco no estômago. Era pra ser assim tão fácil?

Out of place

Eu quero ser uma boa menina

E fazer as unhas toda semana

E usar esmalte cor de carmim


Eu quero ser uma boa menina

E almoçar em restaurantes bacanas

Tomando coca light com gelo e limão


Eu quero ser uma boa menina

E ler os best-sellers da semana

E assistiir ao último lançamento de Hollywood


Quero ir na micareta, na festa do peão, no samba-rock

Usar a bota da moda

E ter uma bolsa de couro legal


Quero ir no japonês conversar sobre a atriz da Globo

E me indignar com a violência estampada na capa do jornal

Enquanto tomo caipirinha de sakê com morango


Quero sair cedo pra trabalhar, reclamar do chefe na hora do almoço

E voltar pra casa cedo pra assistir a novela

E só sair de maquiagem no rosto, chapinha no cabelo e salto nos pés


Quero ser uma boa menina

E meus amigos e minha família vão gostar de mim

E vão lembrar de me chamar quando forem ao japonês


E os caras vão gostar de mim e me chamar pra comer pipoca com manteiga no cinema

Vão me deixar em casa e eu vou subir deixando um beijo quente e o sexo pra amanhã

E eles não vão me ligar no dia seguinte e eu vou reclamar na mesa do japonês pras minhas amigas que gostam de mim


Quero ser uma boa menina e fazer planos

Como todo mundo deve fazer

Mas eu não acredito em geladeira cromada, em TV de plasma, em matrimonio e em aposentadoria


Eu queria acreditar...

Assim eu seria uma boa menina

Reforçando convicções

O pensamento é uma maldição.

... mas eu não sou uma policial, eu sou uma princesa...

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Minha matéria prima é a minha vida...


"O primeiro personagem que um escritor cria é ele mesmo. Só os imbecis procuram um eu atrás do texto literário. Em literatura, a própria "sinceridade" é apenas uma jogada de estilo. Um escritor medíocre não consegue ser "sincero". Técnica, coração. Para ser sincero, é preciso dispor das técnicas que indiquem, signem, sinceridade. Sem isso, a mais pura das explosões verbais, a mais direta, a mais espontânea, será apenas mais uma manifestação de imperícia literária. Um amontoado de bobagens que o tempo vai se encarregar de destinar ao lixo, onde jazem as ilusões." (Leminski)

Quando jovem, abandonou a faculdade e decidiu que queria viver de escrever e viver para escrever. Começou a produzir textos semi auto-biográficos, com histórias de uma personagem que era seu alter-ego. Nelas, retratava acontecimentos cotidianos de uma vida intensa e sem compromisso e onde a realidade se confundia com a ficção, tornando impossível distinguir o que realmente teria acontecido e o que era fruto de sua criatividade. Na verdade, o único compromisso que tinha era com a escrita e com as palavras. E era mais que um compromisso formal, era uma paixão. Algo mais forte do que tudo, que se tornou o ponto central de sua existência, sua busca e seu apoio. Por meio das palavras, pôde expressar de forma intensa e sem medida sentimentos como a dor, o amor, a solidão, a saudade e a vontade de ser livre. Publicou alguns contos em uma revista, uma coletânea de contos e algumas novelas com sua personagem, que acabou indo parar nas telas do cinema.


Se considerarmos que a pessoa descrita acima é um homem e nasceu nos EUA em 1909, estaremos falando de John Fante e seu personagem será Arturo Bandini. Se pensarmos que é uma jovem brasileira de Porto Alegre, então a descrição será de Clarah Averbuck, que criou Camila Chivrino. O que separa os dois, além dos anos, é a tecnologia. Enquanto Fante escrevia contos e enviava para revistas, que nem sempre publicavam, Clarah escreve posts e publica em seus blogs. Muito mais prático e independente, uma vantagem que ela leva sobre ele.


A influência e a fascinação da blogueira - que abomina o termo "literatura de blog", criado quando lançou seu primeiro romance - pelo autor não é segredo. Em seu primeiro livro, Máquina de Pinball, ele é citado, assim como Bukowski, outro de seus ídolos, que também levou uma vida parecida. Boêmios assumidos, álcool, noitadas e aventuras sexuais não faltam nas obras do trio. A capacidade de transformar isso em literatura também os une. Repulsa, nojo, ódio, amor, paixão e melancolia são temas recorrentes. O fato de viverem tudo isso e relatarem sem pudor, acaba gerando polêmica. É o que acontece agora com Clarah, que ganha os holofotes com a estréia no dia 18 de julho da adaptação de sua obra para o cinema, o filme Nome Proprio, dirigido por Murilo Salles, que traz Leandra Leal no papel da personagem Camila. 


A partir dos livros Máquina de Pinball e Vida de Gato e dos blogs de Clarah, Salles construiu a personagem e desenhou uma história para ela. Uma blogueira de Brasilia que vem para São Paulo após terminar com o namorado e, depois de um período de sofrimento, dor, solidão e isolamento, passa a viver intensamente e inconsequentemente a noite paulistana e seus prazeres. Seu objetivo é escrever um livro e, enquanto isso, conta todas as suas aventuras e dramas em um weblog. Apesar de Camila dizer no filme que seu blog não é um diário e Clarah dizer que nem tudo o que escreve é realidade, ao acompanhar a história da personagem no filme e conhecer um pouco mais sobre a autora, fica difícil concordar. No entanto, o próprio filme tenta reforçar essa idéia, fazendo a personagem criada por Clarah e por Murilo criar, dentro do filme, uma outra história e uma outra personagem que também se confunde com ela própria.


A super exposição sem medo nos blogs, nos livros e no filme, causa estranhamento mesmo em tempos de Big Brother, com a diferença de que por meio de uma personagem assumidamente inventada, Clarah parece mostrar a si mesma completamente, com toda a sua intensidade, personalidade, desejos e dores. Algo criado para ser ficção que parece mais autêntico do que o que se diz realidade hoje.  E talvez por isso cause polêmica. O que importa é que Clarah, e a Camila Lopes do filme, são coerentes com o que se propõem a fazer. Uma obra e uma vida descompromissada com o pensamento e o julgamento alheios e fiel às suas próprias regras e vontades, muitas delas pautadas, ou reforçadas, por Fante e Bukowski.


O filme


Com estréia marcada para a próxima sexta-feira, 18 de julho, o filme abusa de cenas de nudez, sexo e palavrões para retratar a vida intensa de Camila. Levando em conta o contexto, não fica exagerado e é aceitável.

 

Os personagens coadjuvantes não tem a personalidade aprofundada, chegam a ser estereotipados, e isso talvez incomode um pouco (o amigo que vive um amor platônico, o nerd, o cara do interior, a amiga traída, o cara cachorro que se faz de bonzinho). Mas o objetivo da história é mesmo girar em torno de Camila e mostrar seus conflitos internos, sem muita interação com o mundo. Ela não liga para o que os outros pensam, por isso parece ser uma pessoa solitária e isolada. É obcecada por seus pensamentos e por suas palavras, não tem tempo nem vontade de olhar para o outro e tentar enxergar toda a complexidade que pode existir fora de si mesma. O negócio de Camila é aproveitar o aqui e o agora, já que não encontra ninguém com quem ache que valha a pena construir algo mais profundo. Talvez por isso, as pessoas com quem se relaciona no filme sejam mostradas sem nenhuma profundidade, que é como ela as vê, já que está tão preocupada com ela mesma que nunca dá ao outro chance de um segundo olhar. 


Vale a pena assistir, primeiro por ter vindo da obra da polêmica Clarah Averbuck. Leandra Leal realmente incorporou a personagem e está ótima. A intensidade beat com que a autora escreve está presente na Camila do filme, que, no entanto perdeu um pouco do sarcasmo e da ironia da personagem dos livros e ganhou um pouco mais de sofrimento e dor. A impressão que dá é que seu maior divertimento é se vingar do mundo que a faz sofrer.


No mais, muita gente deve se identificar com as situações vividas. Quem nunca se apaixonou e fez uma cagada? Quem nunca acreditou ter encontrado o amor verdadeiro e levou um balde de água fria? Além disso, a paisagem urbana, de bares e casas noturnas, com sua fauna tipica, deve fazer boa parte do público mais jovem se sentir em casa.


Acesse o blog do filme, o blog da Clarah Averbuck e leia na edição de julho da Bravo! a matéria da autora sobre ser blogueira, escritora e sobre o filme.


Nome Próprio

Data: sexta-feira, 18 de julho

Locais: Espaço Unibanco Augusta e Unibanco Artplex Frei Caneca


Direção: Murilo Salles

Elenco: Leandra Leal, Rosanne Mulholland, Milhem Cortaz, Juliano Cazarré

Duração130 minutos

Dele para ela

Não, eu não entendi tudo errado. Você quer ser vento, água, fogo. Mas esse estado plasmático, esse movimento incessante, essa sempre iminente fuga, só vão fazer a saciedade que você busca continuar escapando por entre seus dedos, como o ar, o líquido e a chama. Por que o concreto te assusta? A terra pode não ser uma carga tão pesada quanto aparenta. Seca, se transforma em areia, cujos grãos são levados pela brisa, ou por um sopro, numa nuvem etérea e fugaz. Também pode ser um castelo, uma figura qualquer, e ganhar as formas que você desejar. Depois, se transformar em outra, e outra, e outra, substituindo seu corpo como matéria-prima para sua inconstância. Você não vai entender isso agora, porque se eu não fui capaz de te fazer parar de olhar para os lados, não serei capaz de estimular em você as enzimas necessárias para a digestão destas palavras. 

Queimar uma história e querer ter páginas em branco para começar de novo é fácil. Mas não esqueça que depois de lida, ela se incorpora ao leitor e continua nele sua vida, mesmo que as páginas tenham sido destruídas. E é disso que as pessoas são feitas, das histórias, mas das assimiladas, porque as decoradas, cedo ou tarde, acabam esquecidas. Você pode tentar se esconder nas entrelinhas, no seu léxico, nos seus signos próprios, no braile que meus dedos não decifram, mas esse hermetismo disfarçado de liberdade não vai nunca te deixar ir além da página 5 de histórias que poderiam te mostrar o final feliz que você procura tanto.

Rapadura é doce, mas não é mole não


Há alguns dias fui à estreia do espetáculo Entulho, com direção de Ruy Filho, em cartaz no novo e simpático Centro Cultural Rio Verde, na Vila Madalena. O texto de Priscila Nicolielo me tocou pela poesia com que mostra como o mundo de aparências e estímulo ao consumo exacerbado faz com que o indivíduo perca sua identidade. Me lembrou a fala de um dos personagens do filme Beleza Americana: "Para ter sucesso, é preciso projetar uma imagem de sucesso". Em meio a centenas de peças de roupas, sacolas de compras, livros, jornais e fotografias, Guilherme Gorski interpreta um personagem angustiado, que consome compulsivamente, principalmente coisas de marcas famosas. A narração em off, nas vozes de Débora Falabella, Alberto Guzik e Pancho Capeletti, estimula a reflexão sobre como perdemos a inocência da infância, abandonamos uma vida simples e passamos a seguir os padrões impostos pela sociedade. Muito bonito e poético mesmo. Tudo tem um preço. Quer ser aceito no mundo? Venda sua alma para Armani, Chanel e companhia.


O outro lado dessa história encontrei no livro Atire no Dramaturgo, uma coletânea de posts do blog de mesmo nome do ator, dramaturgo, escritor, diretor, interprete, produtor, compositor, bluesman (...) Mário Bortolotto. Sem fazer concessões, o autor, que não dá a mínima para manter uma imagem de acordo com os padrões, diz ter orgulho de só ter feito o que gosta até hoje, dando mais importância para o prazer que um trabalho vai lhe dar do que para o dinheiro que vai ganhar em troca. É, mas tudo tem seu preço. Para ele, é ter que olhar um disco de jazz, ou um livro que quer ler, na vitrine de uma loja e não poder comprar. Ou ir para Paris e não poder entrar em um bar onde rola um som legal, porque a cerveja custa 2 euros. Ou ter no cardápio diário apenas as opções de churrasco grego, cachorro quente ou miojo. Segundo ele, a recompensa é poder olhar para trás e se orgulhar de tudo o que já fez até hoje e não ter nada para se envergonhar. Uma conversa honesta com amigos num boteco tomando vinho barato vale mais do que uma noite de glamour no Spot, tendo que falar o que as pessoas esperam ouvir. Viajar para o Rio de Janeiro por quatro finais de semana seguidos para levar ao palco uma história coerente com o que realmente acredita em troca de apenas trinta reais, vale mais do que conseguir uma bolada de patrocínio para encenar um besteirol comercial. 


O negócio é: qual é o preço mais alto e o que tem mais valor? O que proporciona maior felicidade? Aí voltamos na discussão de alguns posts anteriores. Qual é o peso da carga que você aguenta carregar?


Acesse: 

Atire no Dramaturgo


Leia: 

Atire no Dramaturgo (Coletânea de textos extraídos do blog homônimo) 

Atrito Art Editorial (comprado no sebo da Mercearia São Pedro, na Vila Madalena, por R$ 27,00, mas pode procurar no Sebo do Bac)


Assista:

Entulho

Local: Centro Cultural Rio Verde

Rua Belmiro Braga, 119

Vila Madalena - Zona Oeste - (11) 3459-5321

Preço: R$ 20,00

Quinta-feira às 21h, até 25 de setembro


Direção: Ruy Filho

Dramaturgia: Priscila Nicolielo

Elenco: Guilherme Gorski

Textos Gravados Em Off: Débora Falabella, Alberto Guzik e Pancho Capeletti

Preparação de Ator: Gustavo Palma