sábado, 8 de novembro de 2008

Eu sou fácil de agradar

Gosto de sorvete de creme com bolo de chocolate
e banana assada com canela e açúcar
de passear no parque domingo de manhã e andar de bicicleta
de mamão com mel e aveia no café da manhã
de cerveja no boteco sábado a tarde, acompanhada de uma conversa gostosa
de um bom vinho tinto a noite, acompanhado de um prato feito a quatro mãos
assistir um filme no sofá de casa
comprar sapatos, roupas e livros
de reunir amigos e agregar pessoas
de cozinhar
e de comer
de ir para o campo ou para a praia e passar o dia lendo ao sol, sentindo o vento no rosto
de cafuné e mimo
de fazer cafuné, coçar as costas e mimar
de levar café da manhã na cama
e receber telefonemas e mensagens carinhosas durante o dia ou durante a noite
de ser tratada como princesa
mas ser levada a sério
de piadas bobas e comentários idiotas ou irônicos
de ouvir histórias de vida
e também idéias mirabolantes
de epifanias e teorias
de gentileza e educação
de decisão na hora de escolher o programa, o lugar, o filme e o prato
de entusiasmo e empolgação
de gente que se diverte a qualquer hora em qualquer lugar
e gente que não tem preconceito
e gente que ama o que faz
e gente que procura soluções e não fica remoendo os problemas
de tranquilidade
de receber flores, ou ganhar uma flor (é diferente)
de bilhetes escritos em guardanapos e de cartões em papel vergê
de demonstrações de carinho em público ou entre quatro paredes
mas mais ainda de demontrações de admiração
de dançar junto e descalço no tapete da sala
e se jogar junto em uma pista de dança
de dormir abraçadinho e acordar com beijos e sorrisos
de lençois brancos, edredons fofos e travesseiros macios, tudo com cheirinho de amaciante
de ler na cama
de ver uma exposição e ouvir comentários sobre as obras
de gengibre, curry e alho poró
de pêra cozida com vinho
de suco de maçã
de deitar na grama
de andar descalça
de tomar chuva
de surpresas
de ir ao mercado e comprar coisas gostosas
de restaurantes sofisticados e botecos genuínos
de brindar com champagne e tomar café na padaria
de andar pela cidade
e viajar de carro ouvindo música
ficar de mãos dadas
beijo na nuca
de proteção

acho que é isso...

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Era isso que eu queria dizer

Precisei copiar isso do blog da Fabi.
Exatamente o que eu queria dizer, mas não disse (ou disse de outro jeito, ou talvez devesse ter tentado mais).

DO SIM E DO NÃO

Acho que você percebeu que eu fui embora.
Vê meus olhos vazios, me sente fingindo um interesse que não faz mais parte de mim.
Me desculpa, me perdoa, ou tenta.
Não queria te magoar, meu anjo, não queria mesmo.
Mas não tô mais por aí.
Tô tomando outro rumo, querendo outras coisas que nem sei quais são.
Preenchi alguns espaços incômodos, mas novos espaços, cruéis, sádicos, apareceram.
Os vazios se revezam pra me mostrar que a felicidade é impossível.
Não me telefone, por favor. Não me peça pra dizer mais um não. Ele é insuportável pra mim.
Espero ansiosa um sim de outro lugar, mas sei que isso não vai acontecer.
Se isso serve de consolo, a dor que a falta desse sim me causa é quase insuportável.
Espero por um sim de quem só tem nãos pra me dar.
Mas saiba que a falta desse sim não é responsável pelo meu não.
E, por favor, não passe esse não pra frente.
A gente precisa de sim, de muitos sins, pra deixar o maior número possível de espaços ocupados,
pra deixar a cabeça ocupada, os braços ocupados.
Diga sim, mas não pra mim.
E se possível, me perdoe.



quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Eu vou

Amanhã vou assistir o espetáculo Complexo Sistema de Enfraquecimento da Sensibilidade. Nome complexo, mas bonito, né? Parece ser um texto bem denso. Se seguir a mesma linha da peça que o grupo Antro Exposto apresentou no começo do ano, Entulho, é pra fazer refletir, mas com muita sensibilidade. O novo texto foi escrito pelo Ruy Filho (o anterior era da Priscila Nicolielo), não conheço o trabalho dele como dramaturgo, mas pelo que sei estuda muito e tem gosto por despertar as pessoas para o pensamento. Adoro!
Depois escrevo aqui como foi.

Pra ver maior, é só clicar em cima da figura.


terça-feira, 4 de novembro de 2008

E vc?

*
Pensando muito no asfalto
na bota surrada
nas palavras

no cabelo grisalho
nos guarda-chuvas
na cerveja da Márcia?
*

Da Priscila Nicolielo, depois de me contar o que se passa em São Paulo. Adorei!

E eu tostei na praia...

Tudo culpa do João Moreira Salles! Não, ele não estava comigo (infelizmente, porque eu pago um pau pra esse cara. Foi ele quem fez o filme mais lindo do mundo, na minha opinião, o documentário Santiago, sobre o qual já escrevi aqui).
O que aconteceu foi que comecei a ler uma matéria que ele fez para a revista Piauí (outro genial projeto dele), sobre o caseiro Francenildo dos Santos Costa, peça chave na queda do Pallocci, em 2006. João não é jornalista, é documentarista, e, pelo pouco que sei sobre ele, imagino que a excelência que conseguiu atingir na narrativa escrita deva-se em grande parte à experiência na construção de documentários.
João sabe falar como poucos sobre pessoas. E, como bom documentarista - que não deixa de ser uma forma de jornalismo - mas como raros jornalistas sabem fazer, investiga, pesquisa, cava informações por todos os lados, para construir uma história da forma mais fidedigna possível. Ler sua matéria dá a impressão de que ele é onisciente e onipresente, testemunha ocular de tudo o que conta, pois narra os acontecimentos de diversos pontos de vista e fatos que aconteceram simultaneamente em lugares e com pessoas distintos. Isso, ele consegue com suas entrevistas, que parecem ter sido feitas com todas as pessoas que possívelmente tenham informações valiosas sobre história, desde um porteiro, ou um motorista, ou uma copeira, até o ministro, o presidente.
Mas, ao mesmo tempo em que é essencialmente jornalistico, denso, completo e recheado de informações importantes, o texto de João consegue ser agradável, leve e prende a atenção de quem lê. Como um daqueles romances que você começa a ler antes de dormir e, mesmo morrendo de sono, não consegue largar.
Resultado: 11 páginas da Piauí lidas de uma vez só, debaixo do sol das 14h. Imaginem a cor que eu fiquei, depois de mais de um ano sem tomar sol.
Por coincidência (ou não), estou lendo também o livro Fama e Anonimato, de Gay Talese. Esse sim jornalista, mas de um olhar clínico para perceber o que está além da aparência e um faro apurado para investigação. Assim, ele construiu perfis que retratavam seus personagens - como Frank Sinatra, mas também homens comuns, operários que construiram uma ponte em Nova York - com tantas minúcias, a ponto de em alguns momentos conseguir dizer até mesmo o que estavam pensando. O cara se infiltrava nos ambinetes e ficava observando, conversando com as pessoas e, como se não quisesse nada, conseguia informações importantes. Ele chegou a trabalhar na construção da ponte, junto com os operários, dormindo e comendo com eles por meses, só para ter a idéia exata do que seria aquilo, como eles eram, viviam e pensavam.
Esses são caras que me servem de exemplo, e ao mesmo tempo me intimidam. Mas eu sou corajosa e sei que um dia vou conseguir.

Ps: Para completar, ontem, antes de dormir, liguei a TV e estava passando Capote. Dormi no meio, mas deu pra relembrar como o cara era deliciosamente manipulador. Adoro!

Dá pra ler a matéria O Caseiro aqui ó.

É bom saber...

que tem gente que quer a gente de volta. Mesmo depois de falar todas as besteiras, barbaridades, insanidades, absurdos e incoerências do mundo, e tudo isso ser, no fim, o que a gente é de verdade.

Estréia na quinta


domingo, 2 de novembro de 2008

Um dia...

eu quero aprender a ser menos dramática e menos intensa.