sábado, 11 de outubro de 2008

Cada um na sua

Acreditar na verdade do que a gente pensa não implica querer impor nossas idéias a todos com zelo missionário. E aceitar que haja mais de uma verdade não significa ser cínico.
(Contardo Calligaris, na Ilustrada do dia 9 de outubro)

Folk this town


Foi na Folk This Town, há alguns meses, que eu conheci o Pedro Moreira, cantando sua música Faroleiro e Caçador, e me tornei fã dele. 

Agora ele volta, neste domingo, com um projeto solo, chamado Leão.

Leão é a estréia de Pedro Moreira em fase solo, com composições influenciadas por artistas como A silver mt. zion, Bill Callahan e Jards Macalé. Fazendo uma instrumentação simples e intuitiva para letras sarcásticas e/ou densas, Leão é um projeto aberto para a experimentação e o estranho. No repertório, canções originais e algumas covers, na formação, Pedro Moreira na guitarra elétrica e voz e Stan Molina (Os Telepatas) acompanhando com violão de náilon e vocais.

Aí vai uma das letras que ele acabou de me mandar e eu adorei.

minha criança você tem a febre dos leões
e eu que sou um deles também sei
da onde vem toda essa força
disfarçada de coragem

minha criança você é de uma inocência tão selvagem
me fez em partes sem notar
anota agora o que restou do meu orgulho  em seu caderno

ia servir de quê, te despertar para esta perda
que de tão minha virou mágoa
e de tão linda virou verso e de tão flúida virou água
que me moldou a paisagem
lavou o corpo e virou mar


Pra quem puder aparecer por lá neste domingo, vai valer a pena. Começa às 20h, no Bar B (Rua General Jardim, 43).



quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Quer a receita?

É, eu também sei cozinhar, tá? E essa sopinha que eu fiz agora ficou uma delícia. Muito boa mesmo. Huummmm
Ontem fiquei conversando com meu amigo João Gabriel sobre cozinhar, que também é uma forma de arte. Não é qualquer um que consegue combinar os sabores e as texturas de alimentos diferentes de um jeito que faça a gente ultrapassar o comer por necessidade e chegar ao verdadeiro prazer. Mas saber comer também é uma arte, tem que saber saborear. E isso, só quem gosta mesmo de comer sabe fazer. 
Eu adoro comer e adoro cozinhar. Mas nunca sigo receita. Às vezes uso alguma de base só pra ter uma idéia de que ingredientes combinar, mas medida nunca uso. No final acaba dando certo. Nessa sopa, que eu comentei com o João ontem e deu vontade de fazer, usei batata, calabresa, queijo parmesão ralado (mas tem que ser fresco, ralado na hora, não suporto esses de saquinho que têm cheiro de chulé), creme de leite, cebola e uns temperinhos que são a alma do negócio. Não me pergunte quanto de cada coisa porque nem eu sei...
Muito boa pra esse friozinho, principalmente acompanhada disso:

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Adoro!

O Dany Boy tirou essa foto de mim com o Peréio depois do show da banda Saco de Ratos Blues, no Teatro X, na terça-feira. Esse cara canta e dança muito!!
Aqui a banda tocando, ou melhor, se divertindo. Foi sensacional. Eles tocam toda terça-feira lá no Teatro X, ainda dá pra ir.
E aqui a Dri lendo os poemas do livro novo do Diniz, que o Mário "lançou" em cima dela.

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Diniz

Ontem conheci um cara muito bacana. Um poeta e, segundo ele, um dos poucos homens românticos que ainda existem. :)
Ele acabou de publicar seu primeiro livro, Decalque. Aí embaixo dois dos poemas que mais gostei.

Margens de Vênus
equação dos sentidos 
conflui rios de si, silêncio
tai-chi na praça
do seu corpo

_

a cidade deserta 
lírica, imprecisa
um menino atrás do seu sonho
seu outubro
fugindo da maquinaria incessante 
de seus dias iguais

Diniz Gonçalves Júnior

Nossa, você é muito intensa

Foi  como um golpe de vento. Daqueles que arrepiam os pelos do braço e te fazem fechar os olhos. Passou de repente, mas foi tão forte que conseguiu levar embora meu coração.

Mas deixou o arrepio. Esse ficou, e ainda brinca no meu estômago toda vez que sinto sua voz falando meu nome.

Tá sendo mais difícil do que eu imaginava

Você fica aí tentando racionalizar as coisas, com essas suas teorias que nem você consegue aplicar. Pára com isso! 
Vai lá e grita, vomita tudo isso que tá aí preso no seu peito. Só assim essa dor de garganta vai passar. Pára de tentar se enganar, de falar que compreende. Não tem que entender nada, tem que sentir. Ninguém precisa ser forte o tempo todo. Eu sei que você não é tão segura quanto aparenta ser.
Olha bem pras suas fotos. Nelas dá pra ver que a felicidade é um véu quase transparente, tentando esconder o caos em que você se transformou. Só que agora é tarde demais pra voltar a ser o que era. Tudo o que você viu e fez transformou seu jeito de olhar pras coisas. Hoje tudo parece mais triste e, no fundo, você sabe que não há esperança. Então joga fora esse véu, porque ele está se transformando em um fardo que vai acabar te esmagando.
Usa as unhas pra rasgar o peito e os dedos pra arrancar o coração. Tá na hora de tomar uma atitude drástica. Quem sabe assim você consegue mostrar o que tem aí dentro? Quem sabe assim essas toneladas a mais que você carrega se desintegram e vão embora com o vento como dentes-de-leão?
 

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Tenho ouvido muito


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I tell you how I feel, but you dont care.
I say tell me the truth, but you dont dare.
You say love is a hell you cannot bare.
And I say gimme mine back and then go there - for all I care.

I got my feet on the ground and I dont go to sleep to dream.
You got your head in the clouds and youre not at all what you seem.
This mind, this body, and this voice cannot be stifled by your deviant ways.
So dont forget what I told you, dont come around, I got my own hell to raise.

I have never been insulted in all my life.
I could swallow the seas to wash down all this pride.
First you run like a fool just to be at my side.
And now you run like a fool, but you just run to hide, and I cant abide.

I got my feet on the ground and I dont go to sleep to dream.
You got this head in the clouds and youre not at all what you seem.
This mind, this body, and this voice cannot be stifled by your deviant ways.
So dont forget what I told you, dont come around, I got my own hell to raise.

Dont make it a big deal, dont be so sensitive.
Were not playing a game anymore, you dont have to be so defensive.
Dont you plead me your case, dont bother to explain.
Dont even show me your face, cuz its a crying shame.
Just go back to the rock from under which you came.
Take the sorrow you gave and all the stakes you claim -
And dont forget the blame.
I got my feet on the ground and I dont go to sleep to dream.
You got this head in the clouds and youre not at all what you seem.
This mind, this body, and this voice cannot be stifled by your deviant ways.
So dont forget what I told you, dont come around, I got my own hell to raise.

E não é?

Eu quero me molhar, mas você vem com o guarda-chuva

Eu quero andar pelos telhados 

E você olha pros dois lados antes de atravessar a rua

Eu gosto do sabor agridoce

Pra vocé, salgado é salgado

Quando a roda gigante pára e eu adoro a vista do alto

Vocé sente vertigem e precisa ter os pés no chão

Você já tem a viagem planejada, e eu só penso em sentir o vento no rosto

Eu quero que o mundo vá pro inferno

Você reza todas as noites antes de dormir

Eu saio sem vela, nem lanterna, nem farol

Tateando no escuro, sentindo a direção

Sua bússola mostra sempre o caminho certo

Me alimento das palavras, sensações e fluídos

Você toma um banho demorado

Seu bolo com receita sempre dá certo

Minha carne tem um gosto diferente a cada dia

Eu leio de trás pra frente, do meio pro fim, rabisco as páginas e rasgo

Suas revistas estão em ordem cronológica na estante

Eu me visto com a primeira fantasia amassada que sai do baú

Você escolhe a cor da camisa no arco-íris de brancos dos cabides

Eu vou voando

Você segue as placas

Eu sinto. Você pensa.

E assim a gente é feliz.

O menino está com sede e nós não temos laranjas

Ele não merece...

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Rotina

A idéia é a rotina do papel
O céu é a rotina do edifício
O início é a rotina do final
A escolha é a rotina do gosto
A rotina do espelho é o oposto

A rotina do jornal é o fato
A celebridade é a rotina do boato
A rotina da mão é o toque
A rotina da garganta é rock

O coração é rotina da batida
A rotina do equilíbrio é a medida
O vento é a rotina do assobio
A rotina da pele é o arrepio

A rotina do perfume é a lembrança
O pé é a rotina da dança
Julieta é a rotina do queijo
A rotina da boca é o desejo

A rotina do caminho é a direção
A rotina do destino é a certeza
Toda rotina tem sua beleza


*Esse texto é de uma propaganda da Natura, copiei do blog da Priscila Nicolielo, que tá linkado aí do lado

Linha de Passe

Felizmente tenho a sorte de ter amigos que se preocupam comigo, não me deixam ficar jogada às traças em pleno domingo à noite e me convidam pra ir ao cinema. :)
Fui agora há pouco com meu amigo Luciano assistir Linha de Passe. Estava esperando a estréia há muito tempo, porque conheci o João quando eles estavam terminando as filmagens e fiquei curiosa pra vê-lo no cinema. No fim, acabei demorando para assistir, mas antes tarde do que nunca. Ainda estou pensando sobre o filme, acho que vou precisar assistir de novo. 
Sei que adorei a edição, a forma como foram montadas as cenas, relacionando referências dos universos dos cinco personagens. A Sandra está mesmo ótima, não preciso nem comentar, mas, pra mim, quem rouba a cena é o gracinha do Kaike Santos, que faz o irmão mais novo. Muito inteligente o menino, gente! Não sei de onde ele saiu, mas um menino novo daquele que consegue demonstrar com o olhar o que o personagem tá sentindo, não é qualquer coisa. Fora que é muito engraçado o jeito malandrinho e atrevido dele, desafiando os irmãos mais velhos. O José Geraldo, que faz o Dinho, o irmão evangélico, também está ótimo - surpreende quando vai do bonzinho ao louco de uma hora pra outra e consegue convencer muito bem nas cenas em que demonstra sua fé, também somente com o olhar. Sobre o João, eu prefiro não comentar, porque sou suspeita. 
Vários outros detalhes me chamaram a atenção, mas agora é muito tarde pra escrever sobre isso. Fica pra próxima. 
Aqui embaixo, uma foto que tirei sexta-feira com o "Denis", o motoboy canalha do filme, e meu querido amigo Albérico.

domingo, 5 de outubro de 2008

Que?

Eu não sou nada disso que você pensa...

Não chore por mim

Há algum tempo eu decidi que não iria chorar por ninguém nunca mais. Não iria mais sofrer por gostar de alguém. Acho que o amor tem que ser uma coisa boa e, à partir do momento que passa a não fazer bem, é melhor esquecer. 
Mas isso, de não chorar, não significa que eu decidi me proteger e não amar, ou que eu me recuse a sentir alguma coisa ou a arriscar. Na semana passada, dois amigos meus estavam conversando e um deles falou: "Eu já conheci alguns namorados da Vivian, todos muito bacanas, e o que eu acho legal é que ela sempre ama muito a pessoa. Pode ser que dure duas semanas, mas a gente percebe que naquele momento o que ela sente é verdadeiro, é real." Eu gostei de ouvir isso, porque realmente, quando eu estou com alguém, aquela pessoa passa a ser o motivo da minha vida. Nem que seja por uma hora, um dia, ou por anos. Já quebrei a cara várias vezes por isso, mas não me arrependo de nada. Adoro ser assim, não fico me resguardando, vivo a situação intensamente, me jogo de cabeça, e faço com que cada minuto em que eu estive com aquela pessoa seja valioso. Porque depois, se acabar, é a alegria e os momentos bons que tivemos que vão ajudar a me confortar. Se tem uma coisa que não suporto é ficar fazendo joguinho, do tipo: ah, não vou ligar porque ele que tem que me ligar primeiro, ou não vou sair com ele hoje porque ele não me ligou ontem ou porque vai achar que eu estou à disposição. Se eu estou com vontade, ligo, falo. Porque ninguém tem bola de cristal.
Mas esses dias uma imagem veio a minha cabeça. Imaginei que a cada decepção que a gente tem com o amor é feito um curativo no coração. Ele é enfaixado com uma espécie de tira de gaze. O natural seria tirar o curativo depois que tudo já estivesse cicatrizado. Mas tem gente que não consegue tirar nunca esse curativo e, a cada tristeza causada pelo amor, vai colocando mais uma faixa por cima. E, então, vai se formando uma camada tão espessa e dura, que fica cada vez mais difícil conseguir penetrar. Eu tenho medo que isso aconteça comigo um dia, porque geralmente a gente não percebe quando acontece. E aí a pessoa vai ficando amarga, triste, sem confiança nos outros e incapaz de se entregar.
Por falar em entrega, eu acho que isso é que é a essência do amor. Na quinta-feira, perguntei pro meu amigo Danny Boy qual era o segredo do amor, e ele me disse, entre outras coisas, que é quando alguém fala pro outro "eu sou seu". E esse eu sou seu significa essa entrega. Não existe cobrança, porque o que se sente é maior do que qualquer outra coisa que se possa esperar em troca. O amor de verdade é generoso, mas não é compreensivo. Porque compreensão exige um certo esforço e o amor verdadeiro não precisa de esforço, ele simplesmente aceita, existe e é. 
E acho que foi por isso que eu decidi não chorar mais. Porque se o que eu sinto me faz sofrer é porque eu estou esperando alguma coisa da outra pessoa que ela não está me dando ou não pode me dar. E se eu quero algo que ela não tem ou que ela não me dá por livre e espontânea vontade, não existe amor em algum dos lados e isso faz não valer a pena. Afinal, ninguém pode obrigar, forçar ou ensinar ninguém a amar. Porque o amor simplesmente é, ou não é.
Só pra dar um exemplo, esses dias assisti ao filme Os Desafinados. Uma história de amor, linda. As pessoas com quem conversei acharam um absurdo quando falei isso, talvez eu esteja muito errada mesmo, ou eu seja muito trouxa, mas o que achei lindo no filme é a história da Luiza (Alessandra Negrini), que é a mulher do Joaquim (Rodrigo Santoro). Ele é músico e, quando vai tocar com a banda nos EUA, deixa a mulher grávida no Brasil. Lá, ele se apaixona pela cantora Glória (Claudia Abreu) e eles começam a ter um caso. Só que o cara sofre, porque ele ama a mulher. Como assim? Ué, ele mesmo diz: "Eu amo a Luiza, mas eu estou apaixonado pela Glória." Acontece... A Luiza também ama muito o Joaquim, mas quando a banda volta pro Brasil ela percebe que rola alguma coisa entre ele e a cantora. Em uma cena eles estão gravando num estúdio, a Luiza está assistindo do lado de fora e vê o clima que rola entre o marido e a outra. E a Glória está cantando uma música que fala "Por isso mente pra mim, vai ser bem melhor saber que mentiu pra me salvar". Depois, o sofrimento do Joaquim com a situação aumenta, ele não quer mais enganar a mulher e vai contar tudo pra ela. Só que ela já sabe, e antes dele começar a falar ela interrompe e diz: eu te amo. E isso quer dizer: não precisa me falar nada, eu já sei de tudo, mas o que eu sinto por você é maior e mais importante que isso e eu vou continuar aqui do seu lado não importa o que aconteça. 
Tudo bem, traição é algo muito complicado, que envolve respeito, confiança, e muitas outras coisas. Não estou defendendo. Mas esse exemplo foi só pra dizer que o amor amor mesmo, supera qualquer coisa, sem cobranças. Pode não ser uma traição, pode ser algo que seria considerado um defeito, uma atitude que aos olhos dos outros, ou até aos nossos mesmos, se tomada por outra pessoa ou em outro momento, não seja considerada boa ou correta - desde apertar o tubo de pasta de dente no meio ou não levantar o assento da privada até sair, encher a cara e voltar bêbado de madrugada, sei lá. E se essa aceitação não acontece naturalmente, sem ser vista como um esforço, não vale a pena insistir, nem chorar. 
Mas se acontece, tem suas consequências e uma delas é a sinceridade. Se existe amor entre duas pessoas, existe confiança, porque já que existe aceitação mutua, não há necessidade de mentir. Já ouvi muito das minhas amigas e eu mesma já falei a frase "eu faço tudo por ele mas ele não enxerga isso e não faz nada por mim". Hoje eu acho que quando se ama, tudo o que se faz pelo outro não é considerado um sacrifício e nem é feito esperando uma retribuição ou reconhecimento.
Pode parecer tudo besteira e teoria, mas isso acontece e existe mesmo. Tá, eu sei que não é fácil... mas a gente tem que acreditar, dar chance pra acontecer e saber reconhecer... E parar de chorar quando não vale a pena.
  

Who loves the sun - The Velvet Underground

Who loves the sun? Who cares that it makes plants grow? Who cares what it does since you broke my heart?
Who loves the rain? Who cares that it makes flowers? Who cares that it makes showers since you broke my heart?

O problema é que vocês nunca conseguem entender o que a gente quer

"O problema é a hora do rush, o forno de microondas estragar quando você mais precisa dele, o problema é os caras que vendem carnês da felicidade, o problema é os filmes que saem de cartaz justamente quando eu decido assistir, o problema é o carro afogar no meio do trânsito, o problema, cara, é a gente nunca ter com quem dividir o guarda-chuva." 
Nossa vida não vale um chevrolet - Mário Bortolotto
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