segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Columba picazurus

Eu não troco uma boa conversa por nada (quase) nunca. Ficar algumas horas conversando com alguém (dependendo da pessoa) pode ser muito mais enriquecedor do que ler um livro, por exemplo. Isso porque na conversa a informação corre em mão dupla. Raramente se tem a chance de discutir as idéias de uma obra com o autor. O que ele criou é aquilo e pronto, não dá pra questionar nada ali, na hora em que se lê. Em uma conversa o feed back é imediato, e não só com palavras. Por meio de todos os sentidos é possível perceber o outro, sentir a pessoa. Uma risada, o agito dos pés, o suor nas mãos, um olhar ou um piscar de olhos revelam coisas muitas vezes não ditas.
Mas o que mais me atrai em uma boa conversa com gente interessante é o embate que se trava entre pontos de vista diferentes. Não, eu não gosto de briga, gosto de desafio. Ser questionado estimula o pensamento e acaba proporcionando descobertas de coisas que às vezes nem nós sabemos sobre nós mesmos. Do mesmo jeito, questionar o outro permite entendê-lo e entender o outro amplia nossa visão do mundo.
Pra mim, não existe melhor sensação do que me sentir alimentada depois de uma conversa. Mas com um detalhe: esse alimento nunca satisfaz. Posso ficar horas, virar uma noite conversando que, se o papo for bom, não vou sair satisfeita, saciada. É como um vício.
Já me criticaram por isso, dizendo que não devia questionar tanto, que devia tentar pensar menos, perguntar menos e olhar a vida de um jeito mais simples. Mas eu gosto!
O Kings of Convenience tem uma música que diz assim: “She'll talk to you, with no one else around, but only if you're able to entertain her, the moment conversation stops she's gone, again”. É isso, entende?
E agradeço pelas conversas interessantíssimas com biólogos sarcásticos de riso estranho e contagiante, regadas à água, que seguem ao longo da madrugada, até a aurora boreal nos expulsar para casa.

5 comentários:

.raphael. disse...

É Vivian com certeza conversar com alguma pessoa interessante é muito bom, ainda mais se houver uma garrafa de vinho ou de cerveja entre elas. Se não me engano o Richard Price na Flip disse o que você escreveu, que conversar com alguém interessante vale mais que ler um livro. E bela citação do Kings of Convenience!

Bjs

Pollyana Barbarella disse...

É, Raphael, Schopenhauer diz em "A Arte de Escrever" que quem lê muito acaba não tendo tempo de pensar e conceber suas próprias idéias. Claro que temos que ler, que ver filmes, que ir ao teatro... mas uma boa conversa depois de tudo isso ajuda, e muito, a criar nossas idéias e a pensar a respeito do que foi visto.

Beijos!

Anônimo disse...

Na verdade , concordo com tudo que vc menciona aqui.....
Adorei e ri muito com o título desse post !
VIVA A "COLUMBA PICAZURUS"! Haja devaneio !
OLHA , EU LINKEI O SEU BLOG , HUMILDEMENTE , LÁ NO MEU OLHAR DE SOSLAIO , TÁ ?
Precisamos conversar mais !
BEIJOS COM SAUDADES ....

Twenty-three April disse...

saudade das nossas conversas.

Pollyana Barbarella disse...

Obrigada, Albérico! Vamos ver se nos encontramos por estes dias.

Carol, nem me fale. Nossas conversas deixavam a vida mais leve. Você me entende. Muita muita saudade...