domingo, 3 de agosto de 2008

Sobre o direito de ter opinião (e o dever de pensar sobre ela)

Estava conversando esses dias com uma amiga, a mesma que me pediu para escrever sobre ciúmes. Ela estudou comigo na faculdade, é uma menina super inteligente e escreve muito bem. Estávamos falando alguma coisa sobre escrever, eu disse que ela deveria escrever mais, já que é boa nisso, quem sabe começar um blog. Ela disse que não se sentia segura, pois provavelmente ia escrever besteiras.

Foi aí que começou nossa conversa sobre opinião. Repito aqui o que disse pra ela. Todo mundo tem direito de ter sua própria opinião e sua própria visão sobre qualquer assunto. A opinião de alguém depende da vivência e do repertório da pessoa. Por isso aquela famosa frase: "é próprio das pessoas inteligentes mudar de opinião". Isso não significa ser volúvel, indeciso ou inseguro. Errado, pra mim, é alguém que se agarra às suas concepções e se fecha para o resto do mundo. É importante manter a abertura do olhar e do pensamento para coisas novas e diferentes pontos de vista. Daí vem a mudança de opinião, conhecer outras coisas proporciona um embasamento maior para avaliar o que se vê.

Uma pessoa de 50 anos, por exemplo, possivelmente tem mais ferramentas para analisar um livro do que eu, que tenho 26. Ela provavelmente já leu muito mais do que eu e pode comparar uma obra com muitas outras mais. Mas nem por isso minha opinião sobre o livro pode ser considerada errada. Posso não ter um olhar tão profundo, mas tenho o direito de ter o meu olhar, de acordo com aquilo que já vi e vivi.

Penso mais ou menos assim sobre julgar a obra de alguém, seja um livro, uma música, um filme ou uma peça. Antes de dizer simplesmente se aquilo é bom ou ruim, é preciso saber qual é a proposta do autor. O ponto é: ele é coerente com o que se propõe a fazer? Entender o pensamento do outro e olhar para outras coisas que ele fez é importante para não ter um julgamento preconceituoso. Da mesma forma funciona o entendimento da opinião de alguém. Por que ele achou aquilo bom ou ruim? Em que ele se baseou? Quais são os conceitos que ele usou para formular sua opinião?

Às vezes, isso pode valer até pra gente mesmo. Vale a pena pensar porque eu cheguei àquela conclusão sobre alguma coisa - nem sempre a gente faz isso, né? - em vez de simplesmente fazer um julgamento simplista. Desde que você consiga achar essas respostas para si mesmo, pode dar sua opinião sobre qualquer coisa para quem quiser. Desde que saiba defendê-la. 

Um comentário:

Anônimo disse...

amei o textooo!!!!#@@@@@@@@@@@