sexta-feira, 26 de junho de 2009

Apenas o fim


Já me falaram que eu sou só uma menininha que não sabe o que é amar. Mas quem disse que a gente precisa saber o amor? Amor a gente só sente, não sabe. Paixão eu já sabia há algum tempo o que é. Gosto de estar apaixonada e já sofri com paixões que chegaram ao fim. Sempre que isso acontecia, sentia uma tristeza muito grande, mas sabia que uma hora passaria, porque faz parte da vida. Na verdade, acho que isso é a vida. Isso é que nos faz saber que estamos vivos, o sentir.
Mas amor não é assim. Amor de verdade dura. Talvez, como você já me falou, poucas pessoas tenham o privilégio de conhecer durante a vida esse sentimento. E isso, apesar de poder ser considerado algo bom, um privilégio, causa uma dor ainda maior e mais profunda. Porque não vai passar. Talvez esse sentimento esteja mesmo fadado a ter um final infeliz, como nas grandes histórias de amor que já foram contadas pela humanidade, que sempre acabam em morte, desespero e loucura. 
Fico tentando me convencer de que essa interrupção seja boa pois, como Kurt Cobain, paramos no auge, em um momento em que pudemos ter a vivência apenas de coisas boas, por mais que o depois possa ser tão sofrido. Não tivemos que ir ao supermercado comprar cândida, por exemplo (apesar de eu achar que seria uma delícia ir comprar cândida no mercado com você). 
Talvez esteja certa a personagem do filme que eu vi hoje, que diz que o amor é como pizza: a gente pede pelo telefone, fica na expectativa da entrega e quando ela chega a gente se empantura até não aguentar mais e depois fica largado no sofá da sala assistindo televisão. Mas eu ainda fico tentando entender porque duas pessoas que se amam, se o sentimento é realmente sincero, não podem ficar juntas e vivê-lo até o fim. 
Entendo, não consigo aceitar, mas respeito. Você sabe. Talvez esse respeito venha justamente do amor. O Domingos de Oliveira diz no Separações que amar é querer o bem do outro, Depois, quando ele está sofrendo, renega esse pensamento e diz que o amor é uma selvageria. Eu prefiro acreditar na primeira ideia, por mais que isso vá contra o que sempre me guiou, que é concretizar o que desejo. Talvez devesse insistir, tentar, não desistir. Talvez fosse realmente inutil, mas pelo menos não me arrependeria de não ter tentado. Mas eu te amo e prefiro fazer o que você quer. E isso não me inclui agora.
Então só me resta sentar na escada e te ver de costas indo embora. Roubando as palavras do Tom, personagem do filme, você vai estar presente em tudo o que eu fizer na minha vida, sempre.

Um comentário:

sueli mattos disse...

Muito lindo o que diz nesse texto ... eu tenho um amora tb, um amor que não me inclui, e a vida segue ...

Bjus