Eu quero ser uma boa menina
E fazer as unhas toda semana
E usar esmalte cor de carmim
Eu quero ser uma boa menina
E almoçar em restaurantes bacanas
Tomando coca light com gelo e limão
Eu quero ser uma boa menina
E ler os best-sellers da semana
E assistiir ao último lançamento de Hollywood
Quero ir na micareta, na festa do peão, no samba-rock
Usar a bota da moda
E ter uma bolsa de couro legal
Quero ir no japonês conversar sobre a atriz da Globo
E me indignar com a violência estampada na capa do jornal
Enquanto tomo caipirinha de sakê com morango
Quero sair cedo pra trabalhar, reclamar do chefe na hora do almoço
E voltar pra casa cedo pra assistir a novela
E só sair de maquiagem no rosto, chapinha no cabelo e salto nos pés
Quero ser uma boa menina
E meus amigos e minha família vão gostar de mim
E vão lembrar de me chamar quando forem ao japonês
E os caras vão gostar de mim e me chamar pra comer pipoca com manteiga no cinema
Vão me deixar em casa e eu vou subir deixando um beijo quente e o sexo pra amanhã
E eles não vão me ligar no dia seguinte e eu vou reclamar na mesa do japonês pras minhas amigas que gostam de mim
Quero ser uma boa menina e fazer planos
Como todo mundo deve fazer
Mas eu não acredito em geladeira cromada, em TV de plasma, em matrimonio e em aposentadoria
Eu queria acreditar...
Assim eu seria uma boa menina
3 comentários:
Adorei o texto...
Legal mesmo!!
Beijinhos
Vivi
Interessante este seu poema. Está com mais cara de crônica do que de poesia. Sobram situações (não encare como depreciação), vontades e, em tudo, evoca uma falta e uma perspectiva. Deixa uma sensação de cidade grande, de desconsolo e, ao mesmo tempo, de reafirmação de si. Gostei. (Não me tome como aqueles críticos chatos que não vêem nada de bom nos outros e se acham os maiorais. Apenas, estou deixando as minhas impressões sobre seu texto).
Abraços, Luiz Augusto Rocha ou Goiaba.
Ah, Luiz, não vi nada de ruim no que você escreveu. A idéia é essa mesmo... vontades, falta, desconsolo, cidade grande...
Abs
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