domingo, 25 de maio de 2008

Senhora dos Afogados


Para colocar na agenda, primeiro por ser Nélson Rodrigues e segundo por ser uma montagem do Antunes Filho.


Quando fui assistir, ouvi reclamações de quem estava comigo, de que a montagem tinha descaracterizado Nélson, que não tinha a cara de sua obra. O próprio Antunes contou que houve comentários de que faltou calor a montagem. 


Se o espectador espera encontrar algo parecido como a série global "A vida como ela é", com certeza vai se decepcionar também. O  erotismo explícito e a sensualidade apelativa não são levados ao palco do Sesc. Não é uma mera comédia de costumes, é cheia de camadas e significados.


Apesar da montagem não parecer com o que banalmente se costuma imaginar de Nélson Rodrigues, a essência dele continua ali. Adultério, incesto, relações familiares tumultuadas, desejos que são reprimidos pela sociedade, mas acabam sendo mais fortes e são realizados... Enfim, a essência humana, que é má e camuflada, mas, cedo ou tarde, se revela.


Antunes quase não usa cenografia em suas montagens, coloca no palco apenas elementos de cena essenciais à ação. Para ele, tão importante quanto o texto do autor e a atuação dos atores, deve ser o espaço deixado para a imaginação do espectador. É ela que preenche o palco e faz com que um espaço aparentemente vazio se transforme em um cenário completo e cheio de vida. Mas para isso, o espectador precisa estar aberto e disposto. A expectativa pré-definida o afasta do espetáculo. Para ver sem preconceitos e com a mente aberta.


Até 27 de julho no Teatro SESC Anchieta - Rua Dr. Vila Nova, 245 - Tel: 3234-3000

Sextas e sábados, às 21h. Domingos, às 19h - 90 minutos - R$ 5,00 a R$ 20,00

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