quinta-feira, 31 de julho de 2008

Sobre o que queremos (e podemos) ser

Uma criança nasce. Ela pode ser como uma bola de argila, pronta para começar a ser moldada aos poucos, forma por forma, relevos e depressões, até gerar algo antes indefinido. Mesmo depois de pronta a imagem e seco o barro, ela não permanece intacta, pois um esbarrão, uma queda, ou o próprio tempo, poderão criar novas marcas e desgastes imprevistos, que passarão a fazer parte dela.


Ou então o bebê pode ser como um balão de gás. Pequeno e aparentemente flexível, aos poucos, com o ar inflado em seu interior, adquire sua forma, que já estava pré-definida. Por mais que se aperte, torça ou puxe, seu formato final é aquele e não irá mudar.


Imagine agora uma família que vive na periferia. São quatro filhos, três homens e uma mulher, a mãe é ausente e o pai um ladrão de carros. Esses quatro filhos são como a bola de argila ou como o balão de gás? Será que o destino dos quatro já está previsto e eles não poderão mudar, como o balão, que muda de forma quando apertado, mas depois volta ao original? Eles cresceram vendo o pai roubar carros, em um lar desfeito e com valores fora dos padrões. Isso torna a degradação um caminho sem volta para os quatro?


Ou será que é possível que tenham perspectivas além daquele mundo em que vivem e consigam se moldar de formas diferentes, como a argila? Quão fortes eles são para ultrapassar os paradigmas que os cercaram durante toda a vida? E, mais importante, será que eles querem mesmo mudar alguma coisa?


Até onde essas pessoas conseguem chegar você descobre no espetáculo Nossa Vida não vale um Chevrolet, com texto e direção do Mário Bortolotto, que estréia sexta-feira, dia 2, à meia-noite no Espaço dos Parlapatões, em uma curtíssima temporada de quatro apresentações.


Olhar para uma família de criminosos da periferia parece distante e chega a comover. Coitados, né!? Mas essa não é uma história sobre problemas sociais. Tão longe, mas tão perto... Muito mais do que você imagina... E não espere um final feliz.

Onde: Espaço dos Parlapatões - Praça Roosevelt, 158

Quando: Estréia dia 01 de agosto, a meia-noite

Quanto: R$ 20,00


Texto, Direção, Sonoplastia e Iluminação: Mário Bortolotto

Elenco: Fernanda D´Umbra, Laerte Mello (Nelson Peres), Mário Bortolotto, Gabriel Pinheiro, Francisco Eldo Mendes, Paulo Jordão, Thiago Pinheiro e Helena Cerello

Operação Técnica: Marcelo Montenegro

Direção Técnica: Régis Santos

Produção: Dani Angelotti

Nenhum comentário: