segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Só teorias...

Tem gente que acredita que os opostos se atraem, outros dizem que um relacionamento só pode dar certo quando as duas pessoas são parecidas, pensam da mesma forma e têm preferências em comum ("amar é gostar da mesma música", né João?). Na minha concepção de amor, na qual o requisito mais importante é a admiração que um sente pelo outro, ambas as visões estão certas. Acho que muitas vezes o que a gente mais gosta na outra pessoa é o que a gente não tem ou não é e não consegue ter ou ser. Por outro lado, tendemos a simpatizar com gente que tem as características de que gostamos em nós mesmos.
Só que as duas situações tem seus efeitos colaterais. Na primeira, a convivência pode se tornar difícil porque chega uma hora em que cada um quer ir pra um lado, já que pensa de maneira diferente. Na segunda, o complicado é que se a pessoa tem o que a gente mais gosta na gente mesmo, ela pode ter também o que a gente mais detesta, os defeitos que a gente sabe que tem, mas geralmente não consegue encarar, nem mudar. E se não dá pra aceitar aquilo nem na gente, menos ainda no outro.
Independente de divergências, que são naturais, porque por mais parecidas que as pessoas sejam, cada uma é única, acho que quanto maior a admiração que um sente pelo outro, maior a chance de um relacionamento dar certo. Mas esse sentimento precisa ser reciproco, afinal ninguém merece ficar de baba ovo de alguém que o menospreza ou não está nem aí.
Acabei de descobrir na Wikipédia, que "admiração (do latim admirari) é um sentimento de assombro, surpresa ou espanto diante de uma situação. Na Filosofia, a «admiração» ou «espanto» é o princípio fundamental para começar a filosofar, ou seja, é um processo atrativo através do qual não passamos indiferentes perante qualquer coisa, colocando-nos em movimento, partindo de coisas simples para coisas mais complexas, terminando no conhecimento de si, como desconhecendo-se («só sei que nada sei», Sócrates) ou desconhecendo as coisas. Assim, admirar-se perante qualquer coisa é ter a capacidade de problematizar o que parecia evidente, procurando esclarecer o que se apresenta como obscuro". Como a curiosidade é o primeiro passo para o desejo (uma das frases que eu postei há alguns dias, tirada do livro O Burlador de Sevilha) e a admiração desperta a vontade de saber mais, admirar é o início para se desejar alguém.
Ao mesmo tempo, essa admiração acaba funcionando como um estímulo ao auto-desenvolvimento. Se a gente acha o outro realmente especial, o vê como alguém capaz de nos tornar melhor do que somos. Vemos que temos coisas a aprender, que o outro tem algo a nos agregar. Eu, pelo menos, já desejei me tornar uma pessoa melhor por causa de alguém, como se para merecê-lo, ou para que que ele também me admirasse, eu precisasse me melhorar. Mas isso não tem nada a ver com me subestimar, acho que é algo até saudável, porque proporciona uma evolução.
Da admiração também nasce o respeito, a paciência, a compreensão.
Se houver tudo isso, os problemas encontrados pelo caminho acabam ficando menores e menos complicados, porque a vontade de estar junto vai ser sempre maior e haverá mais disposição para resolver as situações e entrar em acordo. Não haverá necessidade de impor opiniões, de mudar o ponto de vista do outro e, assim, ninguém sentirá que saiu perdendo. Porque ganhar é estar junto.
Daí, também, vem a idéia de que as pessoas se casam, ou procuram um parceiro, porque precisam de uma testemunha para suas vidas. No texto O Natimorto, do Lourenço Mutarelli, o personagem diz que tem a impressão de que deixa de existir para os outros quando não está por perto. Talvez essa testemunha que a gente procure seja alguém que vai fazer com que a gente exista sempre, porque vai estar sempre do nosso lado. Ninguém quer passar em branco e, é claro que se queremos que alguém testemunhe nossas vidas e se vamos testemunhar a vida de alguém, não vamos escolher qualquer um, né. A gente merece o melhor, merece que esse papel seja desempenhado por alguém especial e que nos dê orgulho durante essa longa caminhada (tudo bem, pode não durar tanto tempo, mas ninguém começa um relacionamento achando que vai acabar logo logo). E que isso seja reciproco, que alguém que vai presenciar todos os nossos passos e tropeços esteja disposto a nos aplaudir, a nos estimular e a nos dar a mão pra ajudar a levantar.
Testemunhar a vida também tem a ver com assistir. Não só no sentido de ser expectador, mas no de dar assistência, de cuidar. Quem ama cuida e quem não dá assistência abre concorrência, né? Quer dizer, não basta ficar na platéia, tem que participar.
Pra mim, isso é natural no amor que nasce da admiração e do respeito, só assim haverá o desejo de estar presente, de estar por perto sempre, de atuar junto. E assim ser alguém que vai fazer com que o outro não deixe de existir.
Mas isso é só a opinião de uma menininha que não sabe o que é amar e fica tentando racionalizar as coisas...

4 comentários:

Anônimo disse...

Perguntado, respondido: PERFEITO!!!

Anônimo disse...

Nossa , que viagem psicanalítica hein ???
Tô gostando de ver , ou melhor, de LER !!!
XÊRO !

fichagas disse...

e vc alguém q realmente sabe amar? amar é difícil pacas!

mas vou te dizer uma coisa... as pessoas ficam na eterna busca de um amor único que se esquece dos outros amores. amor de amigo, amor de família, amor de bicho... esses amores tb marcam, tb se tornam testemunhas das nossas vidas.

pra mim, a palavra chave é COMPREENSÃO. se vc não compreende o outro, seja em seus defeitos ou seus jeitos ou suas peculiaridades ou o que quer q seja, nada vai pra frente. acho q quando se ama, ama-se os defeitos tb.

mas isso é papo de alguém calejado e bem magoado nesses assuntos! hehehe

Pollyana Barbarella disse...

Isso é papo de boteco, né, Filipe? Daquelas discussões interminaveis, em que a gente fica criando teorias, mas no final nunca chega a uma conclusão. Porque ninguém sabe a fórmula. Beijos!